Sr. Cameron, os palestinos têm o direito de se defender?

Em entrevista à Sky News, o ministro britânico das Relações Exteriores, David Cameron, descreveu a resposta do Irã ao ataque israelense ao seu consulado em Damasco como “algo imprudente e perigoso”.

Quando o apresentador lhe perguntou: “O que a Grã-Bretanha faria se um Estado hostil destruísse um de nossos consulados?” Cameron respondeu: “Tomaremos medidas muito fortes”, confirmando que a resposta do Irã ao ataque israelense ao seu consulado foi um “ataque maciço… em uma escala muito grande”.

Cameron compartilhou sua opinião de que: “Os países têm o direito de reagir quando sentem que sofreram uma agressão”. Com relação à eficácia da resposta iraniana, ele comentou: “Se essas armas não tivessem sido abatidas, poderia ter havido milhares de vítimas, inclusive civis. Esse é um ponto muito importante a ser levado em conta”.

O ministro das Relações Exteriores britânico explicou claramente quais medidas devem ser tomadas quando uma agressão é feita contra uma missão diplomática: “ação muito forte”. No entanto, o Irã lançou, de acordo com o exército israelense, cerca de 330 ataques de drones e mísseis, mas Cameron se referiu a isso como “uma coisa imprudente e perigosa” porque foi um “ataque maciço”.

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O estado de ocupação israelense vem praticando genocídio em Gaza há mais de meio ano, e o que o Irã fez não foi nada comparado aos ataques israelenses contra os palestinos em apenas um dia. Durante os últimos sete meses, o Estado de ocupação israelense realizou não apenas um “ataque maciço”, mas milhares de ataques maciços em uma escala muito grande. Então, por que ele não está irritado com esse genocídio contínuo por “transmissão ao vivo”?

Cameron acredita que: “Os países têm o direito de reagir quando sentem que sofreram uma agressão”. E quanto às pessoas que estão sofrendo agressões contínuas há oito décadas? Elas também têm o direito de se defender?

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Ele destacou uma questão essencial nessa entrevista quando questionou o que teria acontecido: “Se essas armas [lançadas pelo Irã] não tivessem sido abatidas. Poderia ter havido milhares de vítimas, inclusive civis. Esse é um ponto muito importante a ser levado em conta”.

Cameron deixou claro seu ponto de vista: ele está preocupado com as possíveis milhares de vítimas entre os civis, mas o que ele fez para deter a máquina de matar israelense, responsável pela morte de mais de 44.000 pessoas, sendo que mais de dois terços delas são mulheres e crianças?

Foto: Uma criança palestina é levada ao Hospital dos Mártires de Al-Aqsa para tratamento após um ataque israelense ao distrito de Al-Mawasi, em Khan Yunis, em Deir Al Balah, Gaza, em 10 de março de 2024 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

Por que ele permanece em silêncio em relação às milhares de vítimas palestinas em campo? Por que ele não ordenou que a Força Aérea Real impusesse uma zona de exclusão aérea para evitar suas mortes? Por que ele não defendeu, no mínimo, seu próprio povo, que sai às ruas às centenas e milhares, pedindo que seu governo aja e atenda à simples demanda de interromper a venda de armas para o estado de ocupação de Israel?

A resposta é muito fácil para a maioria, mas aparentemente não para alguém como Cameron, que tem sangue sionista racista correndo em suas veias.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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