Basem Naim, membro do gabinete político e porta-voz do movimento palestino Hamas, reiterou a disposição de seu partido para cooperar construtivamente com qualquer esforço para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza sitiada.
Naim notou um “avanço positivo” na abordagem dos Estados Unidos sobre a situação em Gaza, ao comentar a recente declaração do presidente Joe Biden segundo a qual há sobre a mesa uma suposta proposta de cessar-fogo, consentida preliminarmente por Israel.
O governo israelense buscou desmentir Biden no fim de semana, ao insistir em manter a guerra até “exterminar o Hamas” — contraparte nas negociações.
Naim abordou o tema durante entrevista por telefone com a rede Al-Hadath Al-Youm conduzida na noite deste domingo (2). Para Naim, o mais importante é que a ocupação declare de maneira explícita seu compromisso com a iniciativa, incluindo cessar-fogo, retirada militar, reconstrução, retorno dos deslocados a suas casas e troca de prisioneiros.
O porta-voz reconheceu, no entanto, que oficiais israelenses mal aguardaram minutos, desde as declarações de Biden, para rejeitar a proposta. Neste sentido, segundo Naim, não é possível vê-la como uma oferta israelense, o que desmente o presidente americano.
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Naim reafirmou, contudo, que, para o Hamas, a prioridade é interromper a agressão a Gaza e as 2.4 milhões de pessoas que residem na estreita faixa costeira.
Biden manteve seu apoio político e operacional a Israel. Porém, sob incisiva pressão popular em plena campanha à reeleição, alegou na sexta-feira (31) que Tel Aviv havia submetido uma oferta, similar a outras previamente descartadas, para um cessar-fogo em três estágios.
Protestos em Israel pedem ainda eleições antecipadas, ao denunciar o governo por procrastinar uma troca de prisioneiros. Os ministros Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças), no entanto, ameaçam implodir a coalizão caso haja um cessar-fogo.
Netanyahu, por sua vez, teme que o colapso do gabinete culmine em sua prisão por corrupção, sob três processos em curso.
O primeiro-ministro — junto do ministro da Defesa, Yoav Gallant — tem também um mandado de prisão solicitado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), radicado em Haia.
Nesta segunda-feira (3), Netanyahu disse “não estar pronto para parar a guerra” e acusou Biden de difundir informações “imprecisas”.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 36 mil mortos, 82 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Entre os mortos, 15 mil são crianças.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.