O exército israelense prendeu ao menos 80 jornalistas palestinos desde o início do genocídio em Gaza, em outubro, reportou no domingo (2) o Clube dos Prisioneiros Palestinos, ong de direitos humanos radicada em Ramallah, que monitora as violações contra presos políticos nas cadeias da ocupação.
Segundo as informações, ao menos 49 deles continuam detidos.
Os últimos trabalhadores de imprensa a serem presos foram Bilal al-Taweel e Mahmoud Fatafta, da cidade de Hebron (Al-Khalil), na Cisjordânia ocupada. Sua detenção deve se manter até 9 de junho, sob pretexto de “investigação em curso”.
“Autoridades da ocupação insistem em intensificar sua política de aprisionar jornalistas, além de ameaças, ataques em campo, detenção e perseguição constante, à sombra da contínua guerra genocida contra o povo em Gaza”, declarou a organização.
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Dentre os repórteres encarcerados, estão quatro mulheres: Ikhlas Sawalha, Bushra al-Taweel e Asmaa Harish, mantidas em “detenção administrativa”, sem julgamento ou sequer acusação; e Rula Hassanein, detida sob pretexto de “incitação”.
Além delas, Somaya Jawabra, segundo o dossiê, está em prisão domiciliar, “sujeita a restrições”.
Doze jornalistas foram presos em Gaza e desaparecidos pelas forças ocupantes desde então — a maioria durante a invasão israelense ao Hospital al-Shifa, maior complexo de saúde do enclave sitiado, destruído em duas ocasiões distintas.
“[Jornalistas de Gaza] enfrentam toda a vingança e medidas punitivas impostas aos prisioneiros, além de humilhação e tortura, fome e crimes médicos sistemáticos”, alertou o relatório.
A ong palestina pediu a organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas, a cumprir suas responsabilidades no que diz respeito aos crimes de Israel contra prisioneiros palestinos.
Paralelamente, a agência de notícias Wafa reportou no domingo o sequestro de sua funcionária Rasha Harzallah por forças israelenses, na cidade de Nablus, na Cisjordânia ocupada.
“O serviço de inteligência da ocupação israelense convocou Rasha para interrogatório no centro de detenção do assentamento [ilegal] de Ariel”, disse a família da jornalista à rede de imprensa. “Ela foi com um advogado. Ao chegar, foi informada de que permaneceria detida por ao menos 72 horas, sem acusação ou indiciamento”.
Segundo o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ), sediado em Nova York, Israel mantou 107 trabalhadores de imprensa em Gaza desde outubro. As baixas se somam aos 224 trabalhadores humanitários, incluindo funcionários da ONU, assassinados por Israel no mesmo período.
Trata-se de mais que o triplo de trabalhadores humanitários mortos em qualquer conflito global registrado neste ano.
Entre os trabalhadores de saúde, são 493 mortos.
No total, a ofensiva israelense deixou ao menos 36.439 mortos, 82.627 feridos e dois milhões de desabrigados. As fatalidades incluem 15 mil crianças. Há ainda dez mil desaparecidos.
As ações israelenses em Gaza são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.