Israel se aproxima de guerra no Líbano, afirmam oficiais da ocupação

Diante da escalada entre Israel e movimento Hezbollah no sul do Líbano, em paralelo à agressão israelense a Gaza, oficiais do regime ocupante sugerem prontidão para avançar a uma guerra de larga escala através da fronteira com o Estado levantino.

Herzi Halevi, chefe do Estado-maior das Forças Armadas de Israel, declarou nesta terça-feira (4) que o país se aproxima de uma decisão sobre a matéria, preparado a estender sua campanha ao front norte.

Os ministros israelenses Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) são francos em seus apelos por uma guerra contra o Líbano.

À agência Reuters, em visita ao colonato de Kiryat Shmona, declarou Ben-Gvir: “Não pode haver paz no Líbano enquanto nossa terra [sic] for atacada. Se eles causam incêndios aqui, temos que queimar todas as cidades do Hezbollah. Temos que destruí-las”.

“Guerra!”, proclamou o ministro.

Smotrich corroborou: “Devemos mover a faixa de segurança [sic] de dentro de Israel, na região da Galileia, ao sul do Líbano, incluindo invasão por terra, ocupação do território e transferência dos terroristas [sic] e centenas de milhares de libaneses, atrás dos quais eles se escondem, para além do Rio Litani”.

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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alegou “estar preparado para uma operação bastante intensa” ao norte, após reunião do gabinete de guerra nesta terça. “De um jeito ou de outro, retomaremos a segurança”, ameaçou o premiê.

Os Estados Unidos, apesar de criminalizar o influente grupo xiita como “terrorista”, manifestou preferir uma solução diplomática. A União Europeia insistiu em seu apelo por comedimento de ambos os lados, ao alertar que “ninguém ganhará nada com um conflito regional”.

Neste contexto, a embaixada americana em Beirute aconselhou nesta quarta-feira (5) que seus cidadãos evitem viajar ao país, sobretudo nas áreas junto à fronteira com Síria e Israel, segundo informações da rede de notícias Anadolu.

A embaixada vivenciou nesta manhã um suposto ataque a tiros, em meio à insatisfação popular sobre a inação do governo interino no Líbano. Um guarda foi ferido na ocasião; um suspeito foi morto e outro detido. A polícia local busca ainda um terceiro suspeito.

Para o Hezbollah, a expansão da guerra israelense ao Líbano, contudo, resultará em “devastação e deslocamento” no Estado ocupante.

“Caso Israel queira mesmo travar uma guerra, estamos preparados”, alertou Naim Qassem, vice-secretário-geral do grupo libanês. “A resistência está pronta para a batalha e não permitiremos que Israel saía vitorioso. Não queremos expandir a guerra, mas lutaremos caso preciso”.

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Israel e Hezbollah trocam disparos desde outubro, com a deflagração do genocídio em Gaza. Tel Aviv justifica suas ações ao norte para dissuadir o grupo pró-Teerã de intervir na guerra; porém, alimentou receios de propagação regional do conflito.

Trata-se da maior hostilidade entre as partes desde o confronto aberto em 2006, que culminou no deslocamento de dezenas de milhares de pessoas de ambos os lados da fronteira.

Foguetes do Hezbollah supostamente causaram um incêndio florestal no norte de Israel, apesar de deflagrações como esta serem comuns na região mediterrânea com a onda de calor. Tel Aviv afirmou que 3.500 acres de terra foram destruídos e 11 pessoas foram hospitalizadas.

Segundo um membro da defesa civil dos colonatos israelenses ao norte, bombeiros trabalharam por até 20 horas perto de Kiryat Shmona, com 15 a 16 focos de incêndio.

Fósforo branco

O Human Rights Watch (HRW) reiterou que Israel recorre ao uso extensivo de fósforo branco — armamento proibido por deixar queimadura gravíssimas e danos ao meio ambiente — no sul do Líbano, impondo ameaça à população civil.

Segundo relatório da organização, divulgado nesta quarta, Israel atirou fósforo branco contra ao menos 17 municipalidades desde outubro, incluindo cinco instâncias de ataques aéreos a áreas residenciais, em violação da lei internacional.

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O grupo verificou as denúncias mediante entrevistas em campo e análise de imagens e vídeos. O médico toxicologista Tharwat Zahran citou ao relatório risco queimaduras de segundo e terceiro grau, danos ao aparato respiratório e complicações potencialmente fatais.

O Ministério da Saúde do Líbano reportou 173 vítimas tratadas com ferimentos relacionados ao fósforo branco desde outubro. O HRW pediu investigação internacional sobre os casos, além de padrões mais rigorosos contra o uso de projéteis incendiários.

Em maio, a rede Al Mayadeen registrou disparos israelenses com fósforo branco em uma área a leste de Rafah, no extremo sul de Gaza, em meio aos avanços ilegais da ocupação, em desacato às medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia.

A violência em curso já matou 380 libaneses contra 28 israelenses, segundo Israel.

Em Gaza, a agressão israelense deixou até então 36 mil mortos, 82 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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