Organizações em defesa do povo palestino e entidades da sociedade civil no Brasil convocaram uma nova manifestação neste domingo, 9 de junho, contra o genocídio perpetrado por Israel na Faixa de Gaza sitiada, que chega a seu oitavo mês nesta sexta-feira (7).
O ato em São Paulo está previsto para as 11 horas deste domingo, na Praça Estado da Palestina, próxima à estação Paraíso do metrô.
O protesto, convocado pela Frente Palestina São Paulo, reúne ainda as Brigadas da Verdade e da Paz, o centro cultural Al Janiah, a organização Sanaúd — Juventude Palestina, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e o coletivo Vozes Judaicas por Libertação, entre outros partidos e associações solidárias com a causa palestina.
O ato segue com o mote pelo fim do genocídio em Gaza e pela ruptura das relações entre Brasil e Israel — seguindo a deixa de Estados como Colômbia e Turquia.
Apesar de pressões internas e uma contenda acalorada com o regime israelense, que o declarou persona non grata, o governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva ainda posterga a ruptura de laços com a ocupação colonial sionista.
Recentemente, Brasília retirou seu embaixador de Tel Aviv.
Ativistas alertam, porém, que as ações, embora positivas, não são suficientes.
LEIA: Gil, Chico e filha de Olga Benário pedem a Lula ruptura de relações com Israel
Segundo Soraya Misleh, jornalista palestino-brasileira e uma das organizadoras: “É nossa função ouvir a demanda do povo palestino e exigir a ruptura de relações em qualquer parte do mundo, por qualquer governo, inclusive aqui no Brasil. Lula já reconheceu que é genocídio e nos ajudou a trazer o debate para a sociedade civil, mas não basta. Quando nos colocamos do lado certo da história, não pode haver meias palavras, não pode haver meias ações”.
A atividade atende a um chamado da Assembleia Internacional dos Povos, em função da marca dos oito meses de genocídio e inclui outras atividades ao longo do fim de semana. Sábado, dia 8 haverá “tuitaço” e outras ações e iniciativas nas redes sociais.
A manifestação acompanha um crescente e diverso movimento global pelo cessar-fogo em Gaza e pelos direitos do povo palestino.
Em 30 de maio, São Paulo vivenciou o maior protesto no Brasil neste ano, no presente contexto, diante da escalada israelense a Rafah, cidade no extremo sul de Gaza, na fronteira com o Egito, que abriga atualmente 1.5 milhão de refugiados.
Os atos ganharam novo fôlego após um massacre israelense contra um campo de refugiados — cujas imagens gráficas, incluindo corpos carbonizados de crianças, circularam online.
Na noite desta quinta-feira (6), Israel voltou a atacar Rafah por ar e terra, incluindo o avanço de tanques de guerra à região oeste, relataram testemunhas à agência Reuters. Diversas famílias, presas em casas e abrigos, foram surpreendidas pelo ataque.
“Foi uma das piores noites. Havia pessoas feridas dentro de suas casas — que só conseguimos alcançar nesta manhã”, reportou um cidadão em campo.
LEIA: ‘Genocídio mais horrível desde Hitler’: América Latina reage a massacres em Rafah
Tropas da ocupação atacaram por terra o campo de refugiados de al-Bureij, no centro do enclave. Dois outros campos e uma cidade próxima foram alvejados por aviões e tanques. Paramédicos confirmaram dezenas de mortos e feridos.
Em oito meses, a ofensiva israelense a Gaza — que desacata medidas do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia — deixou 36.731 mortos, 83.530 feridos, dez mil desaparecidos e dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 15 mil são crianças.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.