Israel mata dezenas em escola da ONU, análise encontra armas dos EUA

Bombardeios israelenses atingiram uma escola da Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), na Faixa de Gaza sitiada, nesta quinta-feira (5), deixando ao menos 40 mortos, incluindo mulheres e crianças que se abrigavam no local.

Vídeos que circularam online mostram pessoas carregando corpos e feridos a um hospital local, em um momento sensível no qual os Estados Unidos alegam avançar em negociações de cessar-fogo — contudo, sem a anuência de Israel.

No Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah, um menino palestino relatou a perda de seu pai devido ao ataque: “O que nós fizemos? Não havia ninguém armado na escola. Só havia crianças, que estavam brincando … brincando juntas. Por que atacaram nós?”

O governo dos Estados Unidos — sob crise interna em plena campanha eleitoral — emitiu uma nota para instar Israel e Hamas a finalizar o acordo, após oito meses de violência.

Ismail al-Thawabta, diretor de comunicação do governo em Gaza, desmentiu as alegações de Tel Aviv de que o colégio das Nações Unidas, no campo de refugiados de Nuseirat, na zona central, servia de “posto de comando” ao movimento Hamas.

“A ocupação recorre a mentiras, histórias fabricadas, para justificar mais um crime brutal contra dezenas de civis deslocados”, destacou al-Thawabta à agência Reuters.

O exército israelense reconheceu que jatos combatentes executaram um “ataque de precisão” contra a instalação — porém sob o reiterado pretexto de abrigar militantes do Hamas.

Refugiados não deixaram a área, sem ter para onde ir, obrigados novamente a limpar o sangue dos destroços. A sobrevivente Huda Abu Dhaher observou: “Há corpos espalhados no pátio e do lado de fora. Acordamos aos sons de disparos”.

“Meu sobrinho foi morto, perdeu uma perna e um braço, tinha apenas dez anos”, acrescentou. “Essa mulher tem um estilhaço nela, seu filho sangrou até morrer”.

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A escola abrigava seis mil refugiados no momento do ataque, reiterou Philippe Lazzarini, diretor da UNRWA. “Ao menos 35 pessoas foram mortas e muitas outras feridas”, relatou no Twitter (X). “Alegações de que grupos armados estavam no abrigo são chocantes. Atacar ou usar prédios da ONU para fins militares são um flagrante desrespeito da lei internacional”.

Entre as fatalidades, havia 14 crianças e nove mulheres. O ataque israelense ocorreu sem aviso, deixando também 74 feridos. Armas utilizadas na ação, segundo análise dos fragmentos da rede de peritos da Al Jazeera, foram fabricadas nos Estados Unidos.

Conforme a rede de verificação Sanad, projéteis registrados têm números de série que remetem à fabricante de armamentos Honeywell, conglomerado americano especializado em sensores e sistemas de direcionamento.

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“Vemos outros números de identificação, como MFR, HG 1930 e BA 06”, explicou Elijah Magnier, analista independente, aos jornalistas. “Trata-se de um formato utilizado pelo setor de defesa e aeroespacial dos Estados Unidos, associado à Honeywell”.

A empresa fornece armas a Israel desde 2000.

O governo dos Estados Unidos de Joe Biden sofre pressão para cessar a ajuda militar bilionária a Israel, em meio ao genocídio em Gaza, que deixou 36 mil mortos e 82 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então.

A campanha infringe sucessivos mandados cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, e incorre em crime de guerra de punição coletiva.

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