O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, confirmou a interrupção da exportação de carvão de seu país ao Estado de Israel, em postagem no Twitter (X), no último sábado (8).
Segundo Petro, a medida serve de resposta às operações militares de Israel em Gaza, que “representam uma violação de normas imperativas da lei internacional, as quais, em contrapartida, são parte integral da Constituição colombiana”.
“Suspenderemos toda a exportação de carvão a Israel até que cesse o genocídio”, declarou o presidente em breve comunicado publicado nas redes sociais, ao anexar o decreto do Ministério de Comércio, Indústria e Turismo para oficializar a medida.
Segundo o decreto, entre janeiro e agosto de 2023, a Colômbia exportou a Israel US$350 milhões em carvão.
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A medida deve agravar o isolamento político e a crise socioeconômica no Estado israelense, que adotou uma rigorosa economia de guerra, incluindo austeridade e cortes de subsídios à população.
O país enfrenta ainda crise interna, pressão de relações públicas e apelos por boicote.
O decreto entra em vigor cinco dias após o anúncio e detalha o congelamento das exportações até que as medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, para possibilitar o fluxo humanitário e cessar as hostilidades em Rafah, no sul de Gaza.
A Colômbia pediu adesão ao processo de genocídio em curso na corte internacional conforme denúncia sul-africana, deferida em janeiro.
Para o governo de Petro, o desacato israelense a Haia e a “deterioração nas condições humanitárias na Faixa de Gaza constituem risco à paz internacional e, portanto, representa uma matéria de potencial impacto à segurança nacional”.
Segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas (Dane), a Colômbia é um dos principais fornecedores de carvão a Israel, com US$447 milhões em insumos vendidos ao regime ocupante apenas em 2023.
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Entre janeiro e abril deste ano, o volume chegou a US$88 milhões — queda de 57% comparado ao mesmo período de 2023.
Em 1° de maio, durante ato do Dia dos Trabalhadores, Petro confirmou a ruptura de laços diplomáticos com Israel. Desde então, intensificou medidas, incluindo ao ordenar a abertura de uma embaixada colombiana para o Estado da Palestina, em Ramallah, na Cisjordânia.
O deputado Alirio Uribe expressou apoio a Petro, conforme os princípios das Nações Unidas e da lei internacional.
A Associação de Mineração da Colômbia (ACM), no entanto, adotou uma postura de prioridade nos negócios, em detrimento da lei internacional, ao alegar impacto na “confiança dos mercados internacionais”.
Em 3 de junho, Petro recebeu a maior condecoração do Estado da Palestina das mãos do ministro de Relações Exteriores, Riyad al-Maliki, durante visita a Bogotá.
Para o presidente colombiano, o país “não pode dar às costas” ao que acontece na Palestina. “Não há razão ética ou moral que nos impede de erguer nossas vozes”, acrescentou.
A guerra israelense a Gaza já deixou 36 mil mortos e 82 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. As ações de Israel são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.