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Conselho de Segurança aprova proposta dos EUA para cessar-fogo em Gaza

Conselho de Segurança da ONU aprova resolução dos Estados Unidos por cessar-fogo em Gaza, em Nova York, em 10 de junho de 2024 [Selçuk Acar/Agência Anadolu]

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta segunda-feira (10) uma proposta de cessar-fogo escalonado em Gaza, promovida por Washington, para encerrar a agressão de Israel a Gaza, que já dura oito meses.

A resolução foi deferida com 14 votos favoráveis e uma abstenção, por parte da Rússia.

O texto prevê um cessar-fogo em três etapas, conforme anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no fim de maio, incluindo um cessar-fogo inicial de seis semanas e uma troca de prisioneiros entre Israel e Hamas.

A segunda fase compreende um cessar-fogo permanente e a soltura dos prisioneiros israelenses que ainda estiverem em Gaza.

A reconstrução do enclave costeiro, destruído pelos bombardeios indiscriminados de Israel, está prevista somente para a terceira etapa.

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Washington insiste que Tel Aviv aceitou a proposta, apesar de declarações contrárias do premiê Benjamin Netanyahu e seus ministros extremistas Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional), que ameaçam implodir o governo em caso de cessar-fogo.

A resolução pede ao grupo Hamas que acolha o plano. O movimento palestino, que administra Gaza, anunciou, a princípio, ver “positivamente” a proposta. O texto urge ainda ambas as partes que “implementem integralmente seus termos sem demora ou condições”.

Em nota logo após a votação, o Hamas declarou prontidão em colaborar com os mediadores nas negociações indiretas sobre a implementação do acordo.

O vice-embaixador dos Estados Unidos na ONU, Robert Wood, afirmou à imprensa nesta manhã que sua delegação buscava reunir os 15 membros do Conselho em torno da “oportunidade mais realista para trazer, ao menos, uma pausa temporária à guerra”.

Washington vetou numerosas resoluções prévias, a despeito de apelos internos e externos por cessar-fogo. Apesar de forte contestação em plena campanha eleitoral, Biden manteve o apoio militar e diplomático ao regime de apartheid.

O governo israelense insiste, no entanto, em “exterminar” o Hamas antes de um cessar-fogo, ao remover da equação, portanto, seus interlocutores.

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O Hamas pede o inverso: cessar-fogo permanente como prerrequisito às negociações, além da retirada completa das tropas ocupantes, fim do cerco, fluxo humanitário contínuo, esforços de reconstrução e um “acordo sério” para troca de prisioneiros.

Em 25 de março, o Conselho de Segurança adotou uma resolução por cessar-fogo humanitário, previsto para o mês do Ramadã, até 9 de abril, mediante abstenção americana. Israel, contudo, desacatou a medida.

Em 31 de maio, Biden anunciou sua nova proposta de cessar-fogo, ao creditá-la a Israel. O texto, agora aprovado, prevê extensão da primeira fase caso as negociações se delonguem e detalha a distribuição humanitária a ao menos 600 caminhões por dia.

A terceira fase, segundo a proposta, deve durar anos.

A resolução reafirma ainda o “compromisso inabalável [do Conselho de Segurança] em alcançar uma solução negociada de dois Estados, entre dois Estados democráticos, Israel e Palestina, que convivam lado a lado, em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas”.

Reafirma também “a importância de unificar Gaza e Cisjordânia, sob a Autoridade Palestina” — medida rechaçada pelo partido Likud, de Netanyahu, e seus aliados no governo.

Para Alon Liel, ex-diretor do Ministério de Relações Exteriores de Israel, o governo “foi pego de surpresa”, à véspera de receber o secretário de Estado americano, Antony Blinken. “A resolução dá novo sentido à visita. Deve haver discussões acaloradas pela manhã”, observou Liel à rede Al Jazeera.

“Nosso embaixador tentou, nas últimas 48 horas, mudar o texto, porém sem êxito”, reconheceu o analista. “Israel definitivamente não gosta da proposta, mas caso a rejeite abertamente, deve crescer ainda a pressão internacional”.

Israel mantém os ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 37.100 mortos e 84.700 feridos, além de dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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