A Liga Árabe repreendeu nesta segunda-feira (10) o governo da Argentina do presidente Javier Milei ao solicitá-lo que reavalie suas posições recentes sobre a questão palestina, que envolvem “flagrante viés à ocupação, do lado errado da história”.
Em nota, a Liga Árabe reiterou sua “insatisfação” o incumbente extremista, por sua “retirada, no último instante, do comparacimento a uma reunião com o Conselho de Embaixadores Árabes”, em Buenos Aires, realizada no último sábado (8).
Milei se recusou a participar do evento, previsto para debater relações estratégicas e comercias, sob o pretexto de que estaria presente o encarregado de negócios da embaixada do Estado da Palestina, Riyad al-Halabi.
O secretariado geral da Liga Árabe reafirmou: “Este comportamento reflete uma posição hostil e injustificável não apenas em relação ao Estado da Palestina, como a todo o grupo árabe”.
“A Liga Árabe lamenta postura tão inaceitável e antidiplomática pelo chefe de Estado de um país que usufrui de enorme respeito pelos povos árabes, sobretudo por posições históricas positivas no que diz respeito à causa palestina, que — lamentavelmente — foram revertidas nas mãos da administração atual”, acrescentou a nota.
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A Argentina reconhece oficialmente o Estado da Palestina desde dezembro de 2010.
Pouco após assumir posse, Milei visitou Israel, ocasião na qual manifestou “sua solidariedade e seu compromisso inabalável” com o regime ocupante, em particular, no contexto do genocídio em curso na Faixa de Gaza há mais de oito meses.
Milei também anunciou planos para transferir a embaixada argentina de Tel Aviv a Jerusalém — medida rechaçada como ilegal pela comunidade internacional, dada a falta de soluções políticas às disputas na região.
As ações de Milei parecem ecoar promessas do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Brasília, então sob gestão de extrema-direita, no entanto, recuou das medidas sob alertas de impacto ao comércio com o mundo árabe.
A Argentina, no entanto, vive uma crise ainda mais intensa do que o Brasil de Bolsonaro, com o aumento vertiginoso dos índices de miséria no país nos primeiros seis meses de Milei, sob corte de subsídios, pensões, salários e carestia dos aluguéis.
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Milei celebra um superávit, contudo, faccioso, à medida que serviços públicos são cortados sem qualquer melhoria concreta na economia, investimentos ou exportação.
Segundo estudo recente da Universidade Católica da Argentina (UCA), a pobreza na Argentina atingiu 55.5% da população no primeiro trimestre de 2024, ou 25 milhões de pessoas, aumento de 10% em relação ao ano anterior. Índices de indigência aumentaram cerca de 20%.