A fabricante de chips Intel Corporation, sediada na Califórnia, suspendeu planos para construir uma nova fábrica estimada em US$25 bilhões em Israel, informou a emissora de televisão local Channel 12.
Nos últimos dias, a Intel enviou cartas para solicitar que as obras no local sejam adiadas. Diante de perguntas, a empresa americana afirmou necessidade de adaptação, sem mencionar a crise geopolítica oriunda dos oito meses de genocídio israelense em Gaza.
Em nota, a corporação de tecnologia insistiu que “Israel continua a ser um dos nossos principais centros de fabricação, pesquisa e desenvolvimento”, ao ressaltar “pleno compromisso para com a região”.
“Administrar projetos de larga escala, sobretudo em nossa indústria, costuma envolver adaptar-se a cronogramas variantes”, alegou a marca. “Nossas decisões são baseadas em condições de negócios, dinâmicas de mercado e gestão responsável de capital”.
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Em dezembro, o governo israelense aprovou uma concessão à Intel estimada em US$3.2 bilhões para construir sua usina de US$25 bilhões, no colonato de Kiryat Gat, no sul do território, perto de outra instalação da empresa.
Na ocasião, a Intel caracterizou o projeto como “importante passo para nutrir uma corrente de fornecimento global mais resiliente”, junto a investimentos na Europa e além. Tel Aviv, por sua vez, celebrou a obra como seu maior investimento estrangeiro no setor, até então.
A Intel tem quatro centros de produção e desenvolvimento no Estado de apartheid, incluindo a fábrica de Kiryat Gat, conhecida como Fab 28. Sua instalação irmã, a Fab 38, tinha inauguração prevista para 2028, para começar a funcionar em 2035.
Durante suas quase cinco décadas de operações em Israel, a Intel cresceu ao ponto de se tornar a maior empregadora e exportadora privada do país, líder do setor local de eletrônicos, além da indústria de informação, segundo o site da própria empresa.
O anúncio da nova fábrica em dezembro sucedeu em apenas dois meses o início das operações militares de Israel em Gaza, levando ativistas a reforçar a necessidade de boicote a produtos da empresa. Desde então, apelos por desinvestimento cresceram internacionalmente.
Para o movimento palestino de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), “para além da ética e da lei internacional, ao investir dezenas de bilhões em Israel — uma ‘zona de guerra’, a poucos quilômetros de Gaza ocupada — a Intel põe o compromisso ideológico de seus líderes acima de suas responsabilidades financeiras e fiduciárias”.
“Por que então a Intel congelaria seus planos de expandir sua fabricação de chips em Ohio [nos Estados Unidos] enquanto despeja bilhões a Israel, um Estado que comete genocídio?”, apontou a campanha.
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