Hezbollah derrubaria rede elétrica em questão de horas, alerta oficial israelense

Shaul Goldstein, diretor executivo (CEO) da Companhia de Gestão do Sistema Nacional de Eletricidade de Israel, Noga, advertiu na quarta-feira (19), que a rede elétrica de seu país está despreparada para uma guerra aberta com o movimento libanês Hezbollah, a ser derrubada, possivelmente, em questão de horas.

“Após 72 horas sem energia elétrica, seria impossível viver em Israel”, previu Goldstein em um fórum realizado no Instituto de Estudos de Segurança Nacional no colonato de Sderot, no território designado Israel, ocupado durante a Nakba, em 1948.

“Não estamos em boas condições”, advertiu. “Não estamos preparados para a guerra. O Hezbollah pode muito facilmente lesar toda nossa rede de energia”.

“Israel é uma ilha de energia e temos de fornecer eletricidade a nós mesmos”, explicou Goldstein. “As pessoas parecem não compreender o quanto de nossas vidas depende da energia elétrica. Após cinco horas, não tem telefone. Após 12 horas, você chegará a um posto de gasolina e não terá combustível. Cada posto poderá ter uma fila de até 30 km, se não mais”.

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“Veja toda nossa infraestrutura, portos e fibra óptica. Sem falar em tópicos sensíveis”, acrescentou, ao sugerir impacto à rede armada. “Estamos em uma situação ruim. Não estamos prontos para uma guerra de verdade. Como vejo, parece que estamos em um mundo imaginário. Se adiarmos a guerra em um ano, cinco ou dez, quem sabe…”

Israel mantém ataques contra o sul do Líbano desde outubro, sob o pretexto de tentar dissuadir o influente grupo pró-Irã de intervir na guerra em Gaza. O movimento libanês intensificou lançamentos nas últimas semanas, ao fomentar novamente apreensões de propagação da guerra.

Os disparos israelenses incluem fósforo branco, substância química proibida que causa queimaduras graves e destruição ambiental.

Na quarta-feira (19), o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, subiu o tom após oficiais israelenses anunciarem prontidão a uma “guerra total” no Líbano.

Mais de 400 pessoas foram mortas no Líbano, incluindo jornalistas e paramédicos. Ao menos 90 mil camponeses foram desabrigados no lado libanês, contra 60 mil colonos no norte israelense — estes abrigados em hotéis pagos por Tel Aviv.

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A Casa Branca busca impedir, por vias diplomáticas, uma escalada ainda maior, alegou Amos Hochstein, enviado do governo americano para o Oriente Médio, em viagem ao Líbano, na terça-feira (18), após passagem por Israel.

Israel mantém ataques indiscriminados contra Gaza há quase nove meses, deixando 37 mil mortos e 85 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados. Tel Aviv mantém ainda um cerco absoluto a Gaza desde então — sem comida, água, remédios, combustível e também eletricidade.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, conforme denúncia sul-africana deferida em 26 de janeiro.

Em maio, a promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), na mesma cidade, pediu mandados de prisão contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, junto de lideranças do movimento Hamas.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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