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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Jornalista de Gaza denuncia catálogo de abusos em custódia de Israel

Marcas de tortura nas mãos de um cidadão palestino após ser sequestrado e posteriormente libertado pelas forças de Israel, no Hospital Abu Youssef Al-Najjar, em Rafah, no extremo sul de Gaza [Firas al-Shaer/Reprodução]

Um jornalista palestino detido pelas forças da ocupação durante a operação ilegal no Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, há cerca de três meses, reportou a seu advogado um catálogo chocante de abusos nos centros de detenção israelenses.

Mohammad Saber Arab, de 42 anos, correspondente da televisão Alaraby, confirmou ao advogado Khaled Mahajneh que presos palestinos são frequentemente agredidos, torturados, humilhados e mesmo estuprados e mortos em custódia.

Durante sua primeira visita a Saber Arab, sob monitoramento e restrições severas por agentes ocupantes, a primeira coisa que seu cliente lhe disse foi: “Onde estou?”.

Conforme o advogado, “ele não tinha ideia de que estava no campo [de detenção] de Sde Teiman”, na região do Negev.

O testemunho de Saber Arab se soma a uma extensa lista de denúncias de violações de direitos humanos e crimes de lesa-humanidade por agentes militares e carcerários de Israel, conforme numerosos relatos de prisioneiros palestinos.

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“Os detidos permanecem algemados e vendados 24 horas por dia”, relatou Saber Arab ao advogado. Segundo seu relato, seus carcereiros lhe impediram de trocar de roupas por dois meses e trocar de calças somente no dia da visita.

O jornalista minuciou casos de tortura, maus tratos e outras formas de agressão, entre as quais estupro e assédio sexual, além de incidentes de execução sumária.

Espancamentos, insultos e humilhações são incessantes, acrescentou, e a comunicação entre os prisioneiros é impedida a todo momento. Caso ocorra, são espancados. Além disso, as forças ocupantes impedem orações e ritos religiosos.

Saber Arab informou sobre casos de prisioneiros doentes ou feridos que passaram por cirurgias sem anestesia, inclusive de amputação de membros ou remoção de balas. Seu relato aponta ainda para o uso de cães policiais para perpetuar os abusos.

Outras violações incluem restrições ao uso do banheiro: os carcereiros obrigam quatro prisioneiros a dividirem apenas um minuto de uso. O banho também tem de demorar não mais que um minuto, uma vez a cada semana.

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Os presos são compelidos a dormir sobre o assoalho e usar sapatos como travesseiro, quando não privados do sono, em prática documentada de tortura.

A comida, segundo Saber Arab, se resume a uma bocada de coalhada e um pedaço de tomate ou pepino, uma vez por dia.

O jornalista aprisionado reiterou ao advogado que as condições de custódia compõem as práticas de genocídio perpetradas por Israel contra o povo palestino, ao pedir ações imediatas da comunidade internacional para “salvá-los e dar fim ao sofrimento”.

Israel mantém incursões por ar e terra em Gaza desde outubro, deixando ao menos 37 mil mortos e quase 90 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados e dezenas de milhares de desaparecidos, entre sequestrados e soterrados pelos escombros.

Segundo estimativas, a população carcerária palestina praticamente dobrou a cerca de dez mil de palestinos nas cadeias da ocupação — índice, no entanto, que exclui os prisioneiros de Gaza.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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