Um cidadão palestino que denuncia as atrocidades cometidas por soldados israelenses está desde ontem (21/6) detido com sua família no Aeroporto de Guarulhos, ameaçado de deportação arbitrária e sem qualquer justificativa plausível. Muslim M. A. Abuumar está acompanhado de sua jovem esposa grávida de sete meses, um filho pequeno e a sogra. Além disso, tem um irmão que vive no Brasil e é naturalizado brasileiro, já tendo vindo visitá-lo outras vezes. A última foi no ano passado.
Não é de hoje que tem havido criminalização, ameaças e perseguição àqueles que denunciam o genocídio em curso em Gaza e a limpeza étnica na Cisjordânia. Essa ação parece ser um salto num movimento de criminalização no Brasil. A pergunta que a Polícia Federal fez a esse cidadão é: “Você apoia a resistência?” Normalmente, para entrada de um visitante no Brasil, as questões são distintas, o que causa estranhamento. Mesmo que essa resposta seja afirmativa, no Brasil apoiar a resistência do povo palestino não é crime.
Esse jovem palestino não é investigado, não responde a crimes e nem é procurado internacionalmente. Portanto, nada justifica a detenção arbitrária pela Polícia Federal. Sua esposa grávida chegou a passar mal ontem à noite e teve que ser encaminhada a um hospital. Esta é uma violação brutal ao direito humanitário que o Brasil não deve permitir.
Muslim é doutor em Relações Internacionais (Malaysian Foreign Policy) pela Universidade da Malaya e diretor da AMEC (Asia Middle East Center for Research and Dialogue) sediada em Kuala Lumpur.
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