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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

‘Sinto o peso da história’, diz oficial judia em protesto ao governo Biden

Lily Greenberg Call [LGreenbergCall/X]

Lily Greenberg Call, ex-oficial judia americana indicada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao Departamento do Interior, justificou sua renúncia, em maio, pelo “apoio ao genocídio” cometido na Faixa de Gaza, deferido pela gestão em Washington.

“Na semana passada, renunciei de meu cargo no Departamento do Interior dos Estados Unidos, ao me tornar assim a primeira oficial judia nomeada pelo governo a se demitir em protesto — e também em luto — pelo apoio do presidente Biden ao genocídio em Gaza, onde mais de 35 mil pessoas foram assassinadas”, comentou Call em artigo de opinião publicado pelo The Guardian, em 28 de maio. “Biden transformou em arma a ideia de segurança dos judeus, a fim de justificar as atrocidades em Gaza”.

Call descreveu a decisão como “difícil, porém necessária” e reiterou: “O presidente dos Estados Unidos tem persistentemente corrompido a ideia de segurança da comunidade judaica, ao usar minha comunidade como uma arma para se evadir de sua responsabilidade pelo papel exercido nas atrocidades de Israel”.

Call reiterou ainda suas raízes, descendendo daqueles que escaparam da Europa e sobreviveram violenta perseguição. “Sinto o peso da história todos os dias”, observou. “Tenho visto a luta dos palestinos para sobreviver a tamanho bombardeio indiscriminado que assola suas casas — um bombardeio efetivamente pago pelos Estados Unidos”.

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“Crianças transmitem ao vivo nas redes sociais, forçadas a assumir o papel de jornalistas, muitos deles mortos no conflito — uma campanha que se tornou a mais mortal para a imprensa jamais registrada na história”, acrescentou. “Vi incontáveis vídeos de famílias fugindo das bombas que chovem sobre suas cabeças, crianças chorando a morte de suas mães — e agora, os refugiados aglomerados em Rafah”.

Call diz conhecer bem “o que significa temer o surto de antissemitismo”, contudo, alertou: “Eu tenho certeza de que os judeus não são melhor protegidos por um esforço de guerra, com apoio dos Estados Unidos, travado em nome da segurança judaica, mas que sim reflete um genocídio contra todo um povo, difamado coletivamente como ‘nosso inimigo’. De fato, torna nós, judeus, a face de uma campanha implacável de genocídio e nos coloca apenas em mais e mais risco”.

Para a ex-oficial da Casa Branca, a segurança de palestinos e israelenses não é “oposta”, mas sim “profundamente interligada”. Entretanto, corroborou: “O presidente Biden não reconhece isso”.

Biden nega cessar-fogo

Call argumentou que Biden “se nega a pedir um cessar-fogo duradouro e permanente, encerrar o envio de cheques em branco ao Estado de Israel e a assegurar a soltura diplomática dos reféns israelenses e dos prisioneiros políticos palestinos”.

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“É por isso que, no presente momento, meu ex-chefe é a precisamente pessoa que faz com que eu me sinta menos segura como cidadã judia americana”, enfatizou.

Call não desvia o olhar, diante das imagens diárias dos horrores de Gaza: “Sou lembrada, todos os dias, da história de minha própria família, de meus ancestrais mortos no Shoah — o que, em troca, me lembra da Nakba: a tragédia que ocorreu em 1948 quando a sociedade palestina foi devastada para formar Israel, mediante a expulsão à força de mais de 700 mil pessoas”.

Shoah é o termo judaico para o Holocausto nazista, do hebraico “catástrofe” — o mesmo termo usado pelos palestinos nativos, no árabe Nakba, para descrever a violência que lhes foi imposta. Call formalizou sua demissão em 15 de maio, no 76° aniversário da Nakba, tendo em vista que “não poderia mais servir a um presidente que nega a parar outra catástrofe”.

A violência em Gaza já supera 37 mil palestinos mortos, sobretudo mulheres e crianças, além de quase 90 mil feridos. Dois milhões de pessoas foram expulsas de suas casas, sob violento cerco — sem comida, água ou medicamente. Cerca de 60% da infraestrutura do enclave foi destruída ou danificada, segundo a Organização das Nações Unidas.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, que deferiu, em 26 de janeiro, medidas cautelares para evitar crime de genocídio e permitir o fluxo humanitária aos civis de Gaza — contudo, sem aval.

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