Uma recente análise de segurança alimentar sobre a Faixa de Gaza sitiada revelou que 96% da população vive “níveis extremos de fome” e que quase meio milhão de pessoas estão submetidas a “condições catastróficas”.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Em relatório, a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), iniciativa que monitora dados sobre o tema, alertou nesta terça-feira (25) que 96% da população de Gaza enfrenta fome extrema, devido ao cerco e aos bombardeios de Israel.
Segundo a pesquisa, cerca de 2.13 milhões de palestinos de Gaza sofrem níveis agudos de insegurança alimentar, classificado como Fase 3 da IPC ou superior (“crise ou pior”), conforme dados de 1º de maio a 15 de junho.
Cerca de 343 mil pessoas vivem condições catastróficas de insegurança alimentar — ou Fase 5, segundo a mesma classificação. O Programa Alimentar Mundial (PAM), porém, indicou que até meio milhão de pessoas estejam nas condições mais graves.
O PAM, agência das Nações Unidas, reiterou a importância crítica de acesso contínuo a todas as áreas de Gaza. “O relatório da IPC sobre Gaza pinta um retrato gravíssimo da fome em curso”, observou a agência.
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O relatório advertiu também que o alto risco de fome persiste em toda Gaza enquanto seguirem as hostilidades e as graves restrições ao acesso humanitário.
“Embora todo o território esteja classificado em situação de Emergência (Fase 4), mais de 495 mil pessoas — 22% da população — sofrem níveis catastróficos de insegurança alimentar aguda (Fase 5)”, acrescentou a IPC.
A iniciativa reúne mais de 20 instituições parceiras, entre as quais, governos, agências das Nações Unidas e ongs.
O relatório alertou também que os ataques de Israel à cidade de Rafah, no extremo sul do território, e o deslocamento contínuo deterioram ainda mais o acesso humanitário da população civil, ao amplificar a fragilidade das comunidades.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro, deixando 37.600 mortos e mais de 85 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.
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A população permanece desde então sob cerco militar absoluto — sem comida, água, energia ou medicamento, como declarou o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ao caracterizar os 2.4 milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”.
Estima-se que ao menos 32 crianças tenham morrido de fome devido a sua campanha.
Gallant e o premiê israelense Benjamin Netanyahu têm mandados de prisão solicitados pela promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia.
Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), na mesma cidade, conforme denúncia sul-africana deferida em 26 de janeiro.
O Estado israelense age em desacato de medidas cautelares emitidas pela corte, tanto para permitir o acesso humanitário quanto para a paralisação imediata das operações em Rafah, em curso desde 6 de maio.
As ações israelenses equivalem a punição coletiva — crime de guerra segundo o direito internacional.