O movimento palestino Hamas condenou nesta quinta-feira (27) a invasão por terra de forças israelenses no bairro de Shuja’iyya, no leste da Cidade de Gaza, ao descrevê-la como continuidade da “guerra genocida” contra a população nativa.
O Hamas alertou ainda que a gestão democrata dos Estados Unidos serve de “parceiro nos crimes” da ocupação israelense, segundo informações da agência Anadolu.
Trata-se da terceira ofensiva israelense contra Shuja’iyya desde outubro. A última ação contra a área se deu em janeiro.
Declarou o Hamas:
O bombardeio intenso contra Shuja’iyya é uma continuação da guerra genocida contra os palestinos de Gaza, com pleno apoio e cobertura da gestão nos Estados Unidos — parceiro nesses crimes da ocupação.
E acrescentou:
Tamanha política fascista — com reiterados ataques a cidades, bairros e campos de refugiados, ao assassinar deliberadamente civis e destruir a infraestrutura para aprofundar sua dor — constitui verdadeiro crime de guerra.
O exército israelense voltou a utilizar a prerrogativa de atacar infraestrutura do Hamas — “ainda operacional” — para deslocar a população civil.
“A incursão por terra foi realizada conforme inteligência do Serviço Geral de Segurança (Shabak) e da Divisão de Inteligência do exército, ao apontar que o Hamas começou a retomar controle sobre o bairro”, alegou a rádio militar israelense.
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Após a ação, Mahmoud Basal, porta-voz da Defesa Civil de Gaza, estimou: “Sete corpos e dezenas de feridos transferidos para o Hospital Baptista al-Ahli, na Cidade de Gaza” — instalação de saúde vitimada por ataques israelenses anteriores.
“Há muitos mortos ainda nas ruas e dentro das casas”, acrescentou, ao notar que suas equipes não têm acesso para “resgatar mortos e feridos” devido à agressão.
Israel mantém ataques indiscriminados contra Gaza desde 7 de outubro, em retaliação e punição coletiva por uma operação transfronteiriça do Hamas que capturou soldados e colonos.
Segundo o exército ocupante, 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. O número, no entanto, sofre escrutínio, após o jornal israelense Haaretz reportar “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes de Israel para impedir a tomada de reféns.
No território sitiado, Israel deixou ao menos 37.700 mortos e 86.400 feridos até então. Outras duas milhões de pessoas foram desabrigadas e dezenas de milhares continuam desaparecidas — provavelmente mortas sob os escombros.
Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia, sob denúncia sul-africana aprovada em janeiro, e age em desacato de medidas cautelares por fluxo humanitário e cessação das hostilidades em Rafah.
As ações israelenses em Gaza são crime de guerra e lesa-humanidade.