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Holanda convoca embaixador de Israel após denúncias de espionagem em Haia

Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda, em 29 de março de 2022 [Alex Gottschalk/DeFodi Images via Getty Images]

A Holanda convocou o embaixador de Israel no país para receber explicações sobre as denúncias de que a agência de espionagem Mossad agiu para vigiar e intimidar oficiais do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, em meio a uma “guerra oculta” contra as instituições internacionais.

Em nota, assinada pelos ministros holandeses Hanke Bruins Slot (Relações Exteriores), Hugo de Jonge (Interior) e Dilan Yesilgoz-Zegerius (Justiça), a chancelaria reportou que o “embaixador israelense foi convocado sobre alegações dos artigos do The Guardian e da [rede israelense] +972 Magazine”.

Segundo reportagens investigativas, Israel conduziu por décadas uma “guerra” contra Haia, ao interceptar ilegalmente telefonemas, e-mails e documentos de oficiais do TPI — incluindo o promotor-chefe, Karim Khan, e sua antecessora, Fatou Bensouda.

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De acordo com as informações, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estava ciente das operações.

Relatos apontam ainda ameaças do ex-chefe do Mossad, Yossi Cohen, contra a família de Bensouda, devido a seu inquérito sobre os crimes de guerra perpetrados por Israel nos territórios palestinos ocupados.

Em dezembro de 2019, a advogada nascida em Gâmbia concluiu seu exame preliminar e deferiu o cumprimento de critérios legais, sob o Estatuto de Roma, para seguir com a investigação. Em 2021, a câmara pré-julgamento confirmou jurisdição nos territórios, ratificando a abertura do inquérito no mês seguinte.

Bensouda deixou o processo como herança a Khan, seu sucessor anglo-iraquiano.

Após procrastinar o caso, Khan se viu forçado, diante do genocídio em Gaza, a solicitar mandados de prisão contra Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, além de três líderes do Hamas. Espera-se retorno em julho.

Conforme o comunicado de Amsterdã: “O governo holandês vê atividades como essas como uma forma indesejável de ingerência estrangeira”.

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A Holanda, conforme acordo internacional, é considerada anfitriã da corte e tem dever de proteger sua segurança e possibilitar seu livre trabalho.

A chancelaria holandesa observou ainda que o governo mantém contato direto com as cortes em Haia sobre “diversas preocupações de segurança” — contudo, sem conceder detalhes.

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