Avigdor Lieberman, ex-ministro das Finanças israelense e líder do partido oposicionista Yisrael Beitenu (“Israel é Nosso Lar”), alertou que seu país “está perdendo a guerra em Gaza” e que seu “poder de dissuasão desabou a zero”.
Sua fala foi divulgada pelo jornal em hebraico Yedioth Ahronoth.
Lieberman classificou a gestão da guerra pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant, como um “fracasso”, ao apontar responsabilidade direta, após somente o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Segundo Lieberman, a falta de um plano claro para o conflito causa frustração na linha de frente, hoje na cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, e impossibilita ao governo tomar decisões ou alcançar uma “vitória” no norte ou sul.
O website israelense Walla reportou nesta semana que o exército ocupante sofre com falta de contingente e busca formar uma nova divisão para suprir lacunas.
Pesquisas apontam grande preocupação entre os reservistas, sob receio do impacto do conflito sobre suas famílias e carreira. Segundo o jornal Haaretz, dezenas de reservistas anunciaram que não voltarão a Gaza, mesmo diante de punições.
Embora não haja dados oficiais sobre o êxodo de colonos israelenses desde o início da agressão a Gaza, em outubro, o periódico hebraico Times of Israel estimou no domingo (23) ao menos meio milhões de emigrantes, que não retornaram ao país nos primeiros seis meses de campanha.
Uma das justificativas é evitar o serviço militar obrigatório.
Israel possui uma das populações de maior incidência de dupla nacionalidade. Imagens de aeroportos lotados se tornaram recorrentes em momentos-chave do conflito, como na semana seguinte a 7 de outubro e ao ataque iraniano de abril.
Israel mantém ataques indiscriminados contra Gaza desde 7 de outubro, em retaliação e punição coletiva por uma operação transfronteiriça do Hamas que capturou soldados e colonos.
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Segundo o exército ocupante, 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. O número, no entanto, sofre escrutínio, após o jornal israelense Haaretz reportar “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes de Israel para impedir a tomada de reféns.
No território sitiado, Israel deixou ao menos 37.700 mortos e 86.400 feridos até então. Outras duas milhões de pessoas foram desabrigadas e dezenas de milhares continuam desaparecidas — provavelmente mortas sob os escombros.
Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em 26 de janeiro.
As ações israelenses em Gaza são crime de guerra e lesa-humanidade.