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‘Pelo fim do genocídio em Gaza’, juram deputadas empossadas na Argentina

“Pelo movimento de mulheres e diversidades, por meus irmãos e irmãs piqueteros, um orgulho de solidariedade e luta, por todos os direitos da classe trabalhadora, pelo fim da barbárie capitalista neste mundo, pelo fim do genocídio na Palestina, pelo governo dos trabalhadores e pelo socialismo — eu juro”, declarou Vanina Biasi, deputada eleita ao parlamento da Argentina, nesta quinta-feira (27).

A cerimônia de posse de novos deputados nacionais na Argentina, sob a presidência de extrema-direita de Javier Milei, nesta quinta-feira (27), foi marcada por contraposições ao governo, incluindo declarações pró-Palestina de duas congressistas eleitas.

As novas deputadas Vanina Biasi, do Partido Operário (PO), e Mónica Schlotthauer, da Esquerda Socialista (IS), ambas da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores — Unidade (FIT-U), utilizaram o juramento para denunciar o genocídio israelense em Gaza.

“Pelo movimento de mulheres e diversidades, por meus irmãos e irmãs piqueteros, um orgulho de solidariedade e luta, por todos os direitos da classe trabalhadora, pelo fim da barbárie capitalista neste mundo, pelo fim do genocídio na Palestina, pelo governo dos trabalhadores e pelo socialismo — eu juro”, declarou Biasi.

“Pelos meninos e meninas e mulheres do povo palestino, que resistem ao genocídio do Estado de Israel, por todos e todas que lutaram contra a ‘motosserra’ de Milei, por um governo da classe trabalhadora e pelo socialismo na Argentina e no mundo — eu juro”, acrescentou Schlotthauer.

A Argentina reconhece oficialmente o Estado da Palestina desde dezembro de 2010 e assume historicamente um posicionamento de “equidistância”, apesar do forte lobby do movimento sionista no país.

LEIA: Em meio ao genocídio em curso em Gaza, artistas argentinos expressam solidariedade à Palestina

Com a posse de Milei, o país se aproximou de Israel, na contramão de Estados vizinhos na América Latina que denunciaram as violações em Gaza desde outubro.

A primeira viagem oficial de Milei foi precisamente a Israel, ocasião na qual manifestou “sua solidariedade e seu compromisso inabalável” com a ocupação, sobretudo em sua campanha militar em Gaza.

Milei prometeu também transferir a embaixada da Argentina em Tel Aviv a Jerusalém ocupada — medida rechaçada como ilegal pela comunidade internacional, dada a falta de soluções políticas às disputas na região.

As ações de Milei ecoam promessas do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Brasília, então sob gestão de extrema-direita, porém, recuou das ações sob alertas de impacto ao comércio com o mundo árabe.

No início de junho, a Liga Árabe repreendeu Milei por sua conduta antipalestina e seu “flagrante viés à ocupação, do lado errado da história”.

LEIA: A promessa do amigo querido de Israel e seus pés de barro no país que o elegeu

A Argentina, no entanto, vive uma crise ainda mais intensa do que o Brasil de Bolsonaro, com o aumento vertiginoso dos índices de miséria no país nos primeiros seis meses de Milei, sob corte de subsídios, pensões, salários e carestia dos aluguéis.

Milei celebra um superávit, contudo, faccioso, sob cortes drásticos de serviços públicos sem qualquer melhoria concreta na economia, investimentos ou exportação.

Segundo estudo da Universidade Católica da Argentina (UCA), a pobreza na Argentina atingiu 55.5% da população no primeiro trimestre de 2024, ou 25 milhões de pessoas, aumento de 10% em relação ao ano anterior.

Índices de indigência aumentaram cerca de 20%.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando ao menos 37.700 mortos e 86 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, conforme denúncia sul-africana, deferida em 26 de janeiro. Contudo, age em desacato de medidas cautelares por fluxo humanitário e suspensão das ações em Rafah.

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