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Eleições no Irã vão ao segundo turno com recorde negativo de comparecimento

Iranianos aguardam em fila para registrar seu voto à presidência, em Teerã, 28 de junho de 2024 [Fatemeh Bahrami/Agência Anadolu]
Iranianos aguardam em fila para registrar seu voto à presidência, em Teerã, 28 de junho de 2024 [Fatemeh Bahrami/Agência Anadolu]

As eleições antecipadas para a presidência do Irã serão decididas no segundo turno, na próxima sexta-feira, em 5 de julho, disputadas entre o campo conservador linha-dura, representado por Saeed Jalili, e o campo relativamente moderado, representado por Masoud Pezeshkian.

Ambos não conseguiram obter mais de 50% dos votos para evitar um segundo turno, em meio a um recorde negativo de comparecimento às urnas.

Apenas 40% dos 61 milhões de eleitores registrados votaram, confirmou o Ministério do Interior neste sábado (29), índice mais baixo desde a Revolução de 1979. É apenas a segunda vez que as eleições presidenciais no Irã vão ao segundo turno desde então.

Apesar de apelos do Supremo Líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei, o comparecimento às urnas foi ainda abaixo dos 45 a 53% previstos pelas pesquisas.

Pezeshkian, deputado, saiu na frente, com 10.41 milhões de votos, contra 9.74 milhões de Jalili, ex-chefe de negociações nucleares do país.

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Os conservadores Mohammad Bagher Ghalibaf, líder do legislativo, e Mostafa Pourmohammadi, ex-ministro da Justiça, terceiro e quarto lugar, deixaram a disputa.

O pleito estava previsto para 2025, mas foi abreviado a 28 de junho devido à morte de Ebrahim Raisi, então incumbente, em 19 de maio, em um acidente de helicóptero na região montanhosa de fronteira com o Azerbaijão.

Um órgão alinhado a Khamenei, composto por seis clérigos e seis juristas, é incumbido de vetar os candidatos. Nestas eleições, somente seis de 80 requerentes foram aprovados. Contudo, dois candidatos linha-dura deixaram a disputa.

A ala conservadora pediu voto a Jalili, a fim de assegurar a vitória da “frente revolucionária”. Seu concorrente espera mobilizar os ausentes para ganhar votos, embora seja visto com ceticismo, à medida que não representa ruptura com as estruturas teocráticas.

A apatia reflete os protestos de massa de 2022 e 2023, sobretudo após a morte da jovem curdo-iraniana Mahsa Amini em custódia da polícia de costumes. Além disso, a economia permanece em queda, com inflação de 40%, devido às sanções dos Estados Unidos.

Pezeshkian prometeu superar as sanções ao restaurar o acordo nuclear de 2015, assinado com Estados Unidos, porém revogado unilateralmente pelo ex-presidente americano Donald Trump, em 2018 — paralisado desde então.

Jalili concentra-se na pauta de economia, ao prometer reaver a inflação abaixo de dois dígitos e crescimento acima de 8%. Contrariamente a seu rival, insiste em uma postura mais dura diante das sanções ocidentais e das ações de seus aliados.

Jalili, que busca a presidência há mais de uma década, culpa a ala moderada de Pezeshkian por comprometer o programa nuclear do país.

A eleição coincide com uma escalada regional devido ao genocídio israelense em Gaza e a troca de disparos entre Israel e o Hezbollah, no Líbano, sob receios de propagação da guerra.

Em abril, o Irã lançou uma ação inédita contra o território israelense, com centenas de mísseis e drones — em maioria abatidos —, após Tel Aviv explodir o consulado do país islâmico na cidade de Damasco, capital da Síria.

Desde então, a morte de Raisi parece ter postergado tensões diretas, muito embora a situação na região permaneça volátil.

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