Os principais comandantes do exército de Israel apoiam o fim da ofensiva militar contra a sitiada Faixa de Gaza, mesmo que isso leve à manutenção do Movimento de Resistência Palestina, o Hamas, no poder, informou o New York Times na segunda-feira, citando seis oficiais de segurança atuais e antigos.
Os generais acreditam que um cessar-fogo será a melhor maneira de libertar os 120 israelenses que ainda estão sendo mantidos como prisioneiros de guerra em Gaza, explicando que suas forças estão “mal equipadas para continuar lutando na mais longa guerra de Israel em décadas” e precisam de tempo para se recuperar em preparação para a possibilidade de uma guerra contra o Hezbollah.
As autoridades militares disseram que uma trégua com o Hamas também pode facilitar a obtenção de um acordo com o Hezbollah, que tem dito repetidamente que seu envolvimento com Israel cessará quando Tel Aviv interromper sua guerra genocida em Gaza.
O jornal informou que a posição do exército sobre o cessar-fogo reflete uma grande mudança em seu pensamento nos últimos meses, depois que ficou claro que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se recusa a expressar ou se comprometer com um plano pós-guerra.
Eyal Hulata, ex-conselheiro de segurança nacional de Israel, disse ao New York Times que Israel ainda tem condições de combater o Hezbollah, mas afirmou que “o exército apoia totalmente o acordo de reféns e o cessar-fogo”.
“Os [líderes do exército] acreditam que podem voltar e se envolver militarmente com o Hamas no futuro, e percebem que parar em Gaza torna a calma mais provável no Líbano. Eles têm menos munição, menos peças de reposição e menos energia do que tinham antes, portanto, também acreditam que parar a guerra em Gaza nos dá mais tempo para nos prepararmos no caso de uma guerra maior com o Hezbollah”, acrescentou.
Netanyahu se recusou a interromper a guerra em Gaza, dizendo que Israel alcançará seus objetivos de libertar os reféns detidos e acabar com a presença do Hamas na Faixa. No entanto, o Hamas ofereceu várias vezes a libertação dos israelenses detidos como parte de um acordo abrangente de cessar-fogo.
O exército israelense teme uma “guerra eterna”, na qual suas energias e munições serão gradualmente desgastadas. Diante desse cenário, manter o Hamas no poder por enquanto, em troca da devolução dos reféns, parece ser a opção menos ruim para Israel, explicou Hulata. Quatro altos funcionários que falaram sob condição de anonimato concordaram com ele.
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Em sua resposta à reportagem do jornal americano, Netanyahu disse em uma declaração em vídeo divulgada por seu gabinete: “Não sei quem são essas partes anônimas, mas estou aqui para deixar inequivocamente claro: isso não vai acontecer”.
“Terminaremos a guerra somente depois de atingirmos todos os seus objetivos, inclusive a eliminação do Hamas e a libertação de todos os nossos reféns. O escalão político definiu esses objetivos para a IDF e a IDF tem todos os meios para alcançá-los”, continuou ele.
“Não sucumbiremos ao derrotismo, nem no New York Times nem em nenhum outro lugar. Estamos cheios do espírito de vitória”, concluiu.
A Força de Defesa de Israel também respondeu à reportagem, dizendo que estava “determinada a continuar lutando até atingir os objetivos da guerra, a destruição das capacidades militares e de governança do Hamas, trazendo de volta nossos reféns e devolvendo com segurança os residentes do norte e do sul às suas casas”.