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Estudos mostram que os ataques de Israel a Gaza deixam uma enorme pegada de carbono

A fumaça sobe de diferentes pontos após um ataque aéreo de aviões de guerra israelenses na região de Jabalia, enquanto os ataques de Israel à Faixa de Gaza continuam ininterruptamente por 220 dias na Cidade de Gaza, Gaza, em 13 de maio de 2024. [Dawoud Abo Alkas/Agência Anadolu].

Os ataques israelenses em Gaza geraram mais emissões de carbono nos primeiros 120 dias do que a produção anual de 26 países juntos, de acordo com um novo estudo, informa a Agência Anadolu.

O estudo da Queen Mary University, em Londres, constatou que as emissões de carbono resultantes dos ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro passado foram significativamente prejudiciais ao meio ambiente. O estudo ressalta a interseção crítica entre conflito militar e degradação ambiental, exigindo atenção global para mitigar o impacto de tais crises nas mudanças climáticas.

De acordo com a pesquisa, as emissões nos primeiros 120 dias do conflito excederam as emissões anuais de 26 países e regiões juntos. O estudo destaca que, entre outubro e fevereiro, os ataques israelenses a Gaza causaram emissões que variaram de 420.265 a 652.552 toneladas de CO2 equivalente. Esse número supera as emissões anuais combinadas dos países mencionados acima.

Detalhamento das emissões: Voos, Munições e Reconstrução

A pesquisa divide as emissões em três fases distintas: emissões de voos, a pegada de carbono das munições e os requisitos de energia para a reconstrução.

Emissões de voos:

A primeira fase detalha as emissões dos voos relacionados ao conflito. Entre outubro e fevereiro, 244 voos de carga dos EUA para Israel, transportando 10.000 toneladas de equipamentos, usaram cerca de 61,2 a 83,4 milhões de litros de combustível. Além disso, os caças e aeronaves de vigilância israelenses acumularam entre 57,8 e 85,9 milhões de litros de combustível, resultando em um mínimo de 261.800 toneladas e um máximo de 372.480 toneladas de emissões de CO2.

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Munições e sua pegada de carbono:

A segunda fase do estudo examinou as emissões de munições. O exército israelense lançou 100.000 projéteis de artilharia, causando 12.000 toneladas de emissões equivalentes de CO2. Os bombardeios levaram a emissões adicionais de 58.165 a 72.706 toneladas, com a produção dessas munições contribuindo com 70.165 a 86.306 toneladas de CO2 equivalente.

Requisitos de energia para a reconstrução:

Na terceira fase, o estudo avaliou as emissões associadas à produção de energia em Gaza. Antes dos ataques, Gaza recebia metade de sua eletricidade de Israel, e o restante era fornecido por usinas de energia locais e painéis solares. A destruição desses recursos mudou a dependência energética de Gaza para geradores a diesel, com uma estimativa de 19.440 a 58.320 toneladas de emissões equivalentes de CO2 provenientes do combustível usado nesses geradores.

Impacto ambiental de longo prazo da reconstrução

A pesquisa também abordou as emissões de longo prazo esperadas da reconstrução de Gaza. A reconstrução das cerca de 156.000 a 200.000 estruturas danificadas ou destruídas poderia resultar em 46,8 a 60 milhões de toneladas de emissões equivalentes de CO2 – comparáveis às emissões anuais de mais de 135 países.

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O professor Filiz Karaosmanoglu, membro do corpo docente da Universidade Técnica de Istambul, comentou sobre as descobertas, destacando que as atividades militares aumentam significativamente as emissões e agravam os danos ambientais. Karaosmanoglu enfatizou a necessidade urgente de abordar a mudança climática como uma prioridade em relação aos conflitos, observando que essas guerras levam a graves consequências ambientais e humanitárias.

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