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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Médicos israelenses participam de tortura de detentos palestinos, diz diretor da Al-Shifa

Os detidos palestinos são vistos depois de terem sido libertados pelo exército israelense, em Deir Al Balah, Gaza, em 20 de junho de 2024 [Ashraf Amra/Anadolu Agency]

A equipe médica do centro de detenção militar de Israel em Sde Teiman está participando da tortura de palestinos, informou o BMJ Group, uma revista médica semanal revisada por pares.

As alegações chocantes foram feitas pelo Dr. Mohammed Abu Salmiya, diretor recentemente liberado do Hospital Al-Shifa da Cidade de Gaza. Abu Salmiya, pediatra e um dos 50 homens palestinos libertados da detenção israelense na semana passada, descreveu uma experiência angustiante de tortura diária durante seu encarceramento. Ele foi detido pelas forças israelenses em novembro quando evacuava o destruído Hospital Al-Shifa em um comboio da Organização Mundial da Saúde.

“Fui submetido a torturas quase diariamente. Meu dedo mínimo foi quebrado. Fui repetidamente submetido a golpes na cabeça, causando sangramento várias vezes”, disse ele.

O mais preocupante é que Abu Salmiya alegou o envolvimento direto de profissionais da área médica nos abusos. “O médico de lá espanca os detentos, e a enfermeira espanca os detentos. Isso é uma violação de todas as leis internacionais”, afirmou. Ele afirmou ainda que a negligência médica levou a consequências graves para alguns detentos: “Eles amputaram os pés de vários prisioneiros, aqueles que estão sofrendo de sintomas de diabetes devido à falta de tratamento médico para eles.”

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Essas alegações representam uma grave violação da ética médica e do direito internacional. O envolvimento de profissionais de saúde em tortura é explicitamente proibido pela Declaração de Tóquio da Associação Médica Mundial, que afirma que os médicos não devem participar, estar presentes ou tolerar atos de tortura ou outras formas de tratamento cruel, desumano ou degradante.

O relato de Abu Salmiya se alinha e corrobora ainda mais os relatos anteriores de abuso em instalações de detenção israelenses. No mês passado, o advogado Khaled Mahajneh forneceu um relato angustiante em primeira mão sobre as condições do centro de detenção de Sde Teiman, que ele descreveu como um “campo de extermínio”. A visita de Mahajneh ao centro, onde se encontrou com o jornalista Muhammad Arab, revelou abusos sistemáticos, agressão sexual e tratamento desumano dos detentos palestinos.

De acordo com Mahajneh, os detentos de Sde Teiman são submetidos a constantes algemas e venda nos olhos, forçados a dormir em pisos nus e recebem alimentação e água inadequadas. Ele relatou casos de estupro e agressão sexual usados como punição por infrações menores, afirmando que “seis prisioneiros foram despidos e agredidos sexualmente com uma vara na frente de todos os outros prisioneiros”.

As condições descritas tanto por Abu Salmiya quanto por Mahajneh pintam um quadro de um sistema de detenção que viola os direitos humanos básicos e as leis internacionais sobre o tratamento de prisioneiros. Os detentos não têm acesso à higiene básica, sendo que muitos se recusam a tomar banho devido ao risco de punição por excederem o tempo previsto. A assistência médica é descrita como extremamente deficiente, com Mahajneh relatando casos em que os detentos são tratados de ferimentos sem anestesia por estudantes de enfermagem em vez de médicos qualificados.

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