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Armas israelenses são projetadas para maximizar baixas, alertam médicos

Palestinos feridos, incluindo crianças, são levados ao Hospital Indonésio após ataques israelenses na região de al-Tuffah, na Cidade de Gaza, em 8 de julho de 2024 [Mahmoud Issa/Agência Anadolu]

Cirurgiões voluntários em Gaza reportaram ferimentos catastróficos entre as crianças causados por armamentos israelenses projetados para maximizar a dispersão de estilhaços, incidindo em danos graves, reportou The Guardian nesta quinta-feira (11).

Os cirurgiões estrangeiros, que vêm operando no território ocupado nos últimos meses, compartilharam suas experiências apavorantes ao jornal britânico, ao destacar as consequências desses armamentos sobre a população civil, sobretudo crianças.

Médicos nos Hospitais Al-Aqsa e Europeu de Gaza relataram numerosas operações realizadas em crianças com ferimentos causados por pequenos fragmentos de munição de guerra, por vezes, deixando pontos de entrada quase imperceptíveis, apesar de lesões internas extensas.

Essas armas, conforme os relatos, corroborados pela organização de direitos humanos Anistia Internacional, parecem ser projetadas deliberadamente para aumentar o número de baixas.

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“Cerca de metade dos traumas que cuidei eram em crianças pequenas”, comentou Feroze Sidhwa, cirurgião da Califórnia que esteve em abril no Hospital Europeu, no sul de território.

Vimos bastante de traumas causados por lascas que eram muito, muito pequenos, ao ponto de serem difíceis de perceber ao examinar o paciente. Eram lesões muito menores do que qualquer coisa que já tínhamos visto, porém responsáveis por danos tremendos nos órgãos internos.

Especialistas em armas notaram que esses ferimentos, alinhados com as características dos equipamentos fabricados em Israel, têm como objetivo concreto maximizar os danos em vez de apenas destruir infraestrutura.

Sua aplicação em regiões densamente povoadas alimenta as denúncias sobre crimes de guerra e lesa-humanidade perpetrados por Israel contra a população civil do território palestino.

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Seis médicos estrangeiros que serviram recentemente em Gaza confirmaram a prevalência de ferimentos de armas de fragmentação, levando a um número alarmante de amputações desde o início da campanha militar israelense.

“Crianças são mais vulneráveis a qualquer trauma penetrante porque seus corpos são mais frágeis”, explicou Sidhwa.

Suas partes vitais são menores e mais fáceis de serem lesionadas. Quando estouram, por exemplo, os vasos sanguíneos das crianças, estes são tão pequenos que é difícil suturá-los. A artéria femoral, que alimenta toda a perna, em uma criança pequena tem a espessura de um fio de macarrão — é realmente muito, muito pequena. Portanto, repará-la e manter o membro conectado ao resto do corpo é duplamente difícil.

Mark Perlmutter, cirurgião ortopedista da Carolina do Norte, que também trabalhou no Hospital Europeu, corroborou os alertas de Sidhwa.

Seus relatos revelam uma realidade sinistra na qual os mais jovens e vulneráveis são afetados de maneira absolutamente desproporcional, levando a ferimentos e mutilações que alteram o curso de suas vidas, sob ataques deliberados.

Israel ignora medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e resoluções de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao manter suas operações indiscriminadas contra Gaza desde 7 de outubro.

Mais de 38.300 palestinos foram mortos, sobretudo mulheres e crianças, além de 88.300 feridos e dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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