A corporação Meta, com sede na Califórnia, confirmou a remoção de novos conteúdos antissionistas em suas plataformas como Facebook e Instagram, “quando não tratarem explicitamente do movimento político”, no que aponta uma nova escalada da gigante das redes sociais contra a narrativa pró-Palestina.
Em postagem publicada em seu blog nesta semana, reiterou a marca: “Começaremos a remover conteúdos contra ‘sionistas’ em áreas onde nosso processo demonstrou haver tendências de que se refira a judeus e israelenses, com comparações desumanizantes, chamados à violência e negação de sua existência [sic]”.
A empresa alegou considerar o termo “sionista” como “uma alusão ao povo judeu e/ou israelense em duas circunstâncias particulares: (1) quando sionistas são comparados a ratos, refletindo conhecido imaginário antissemita; e (2) quando o contexto deixa claro que ‘sionista’ quer dizer ‘judeu’ ou ‘israelense’”.
A corporação advertiu ainda que pretende “expandir o ponto de vista sobre a questão para maiores interpretações do termo”.
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As considerações vagas — sobretudo do segundo exemplo — sugerem, de acordo com analistas, que qualquer menção ou crítica ao movimento colonial sionista pode incorrer em punições ao usuário, em meio a procedimentos opacos de análises da Meta.
O posicionamento indica ainda a confluência entre “antissionismo” e “antissemitismo” — isto é, ao vincular denúncias legítimas de políticas supremacistas do Estado de Israel com o racismo antijudaico; falácia adotada por ideólogos coloniais para reprimir vozes palestinas.
Dentre os grupos possivelmente afetados, estão, por exemplo, coletivos emergentes de judeus antissionistas, como o Jewish Voice for Peace (JVP), nos Estados Unidos, e Vozes Judaicas por Libertação, no Brasil.
Companhias americanas de redes sociais, como a Meta de Mark Zuckerberg e o Twitter, hoje X, de Elon Musk, são denunciadas por suprimir denúncias do genocídio em Gaza, embora permitam a veiculação de discursos supremacistas e neonazistas.
As corporações são também criticadas por permitir o fluxo de fake news, sobretudo em meio a contextos eleitorais no mundo, a favor de mobilizações de ultradireita, incluindo apelos por golpes de Estado.
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A Meta justificou sua nova escalada contra a narrativa palestina como resultado de um feedback de “partes interessadas globais”, pesquisa junto aos usuários online e suposta literatura acadêmica, a fim de realizar “mudanças nas normas sociais e de linguagem e atualizações do produto”.
Israel ignora medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e resoluções de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao manter suas operações indiscriminadas contra Gaza, com apoio ocidental, desde 7 de outubro.
Mais de 38.300 palestinos foram mortos, sobretudo mulheres e crianças, além de 88.300 feridos e dois milhões de desabrigados.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.