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Israel expropria 109 acres de terras palestinas na Cisjordânia ocupada

Posto de controle israelense de Qalandiya, entre o norte da Cisjordânia ocupada e Jerusalém, em 29 de março de 2024 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

Autoridades israelenses expropriaram 109 acres de terras palestinas nesta terça-feira (17) nas aldeias de Shabtain, Deir Ammar e Deir Qadis, a oeste da cidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

Conforme a Comissão de Resistência ao Muro e à Colonização, em nota à imprensa: “O processo de apreensão dos lotes sob alegação de serem ‘terras do Estado’ tem intuito de ampliar o controle sobre todas as terras em torno dos assentamentos israelenses de Nili e Naale, construídos em terras palestinas”.

“A área alvejada constitui um grupo de lotes que cercam ambos os assentamentos em questão, para estabelecer contiguidade sobre as terras tomadas pelo Estado ocupante nos anos recentes”, acrescentou a nota.

Para a comissão, a expropriação “descontrolada” de terras nativas revela as “intenções reais” do Estado de Israel, a fim de estabelecer à força suas mudanças demográficas e geográficas na Palestina histórica.

“As autoridades ocupantes querem eliminar a possibilidade do estabelecimento de um Estado palestino contínuo entre todos os seus territórios”, advertiu o comitê.

No começo de julho, autoridades coloniais aprovaram a expropriação de mais de 3.100 acres na Cisjordânia ocupada. Segundo a ong israelense Peace Now, trata-se da “maior expropriação de terras em três décadas”.

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“A área coberta pelo anúncio é a maior desde os Acordos de Oslo de 1993 e 2024 deve ser considerado o ápice de apreensão de propriedades nativas como ‘terras do Estado’ em algumas das áreas”, acrescentou a organização humanitária.

A lei internacional determina que Cisjordânia e Jerusalém são territórios ocupados, de modo que qualquer construção ou expansão de assentamentos na região é ilegal. Para as Nações Unidas, os avanços são também crime de guerra e risco à paz.

Tensões seguem a escalar na Cisjordânia sob ataques de colonos e soldados, incluindo pogroms contra cidades e aldeias e campanhas de detenção em massa, que chegam a dez mil pessoas arbitrariamente detidas em menos dez meses.

A maioria dos palestinos sequestrados por Israel é mantida sob custódia em “detenção administrativa”, sem julgamento ou acusação — reféns, por definição.

A escalada coincide com o genocídio israelense em Gaza, que matou 38.700 pessoas e feriu 90 mil, além de deixar dois milhões de desabrigados.

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Na Cisjordânia, são 574 mortos e 5.350 feridos no mesmo período.

Israel ignora medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e resoluções de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao manter suas operações indiscriminadas contra Gaza desde 7 de outubro.

O Estado israelense é réu por genocídio no tribunal em Haia, sob denúncia sul-africana, deferida em janeiro. Entre as medidas desacatadas, está a suspensão de sua campanha em Rafah, no extremo sul de Gaza, que abriga hoje até 1.5 milhão de palestinos.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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