Atletas israelenses receberão proteção 24 horas durante as Olimpíadas de Paris, entre 26 de julho e 11 de agosto, prometeu o Ministro do Interior, Gérald Darmanin, após um parlamentar progressista pedir protestos contra a participação da delegação ocupante, no contexto do genocídio realizado em Gaza.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Os Jogos Olímpicos deste ano coincidem com aumento nas tensões geopolíticas devido à invasão russa na Ucrânia e ao genocídio israelense em Gaza.
Darmanin disse à televisão na noite de domingo (21) que esportistas israelenses terão segurança integral, ao relembrar os 52 anos de um ataque nas Olimpíadas de Munique que matou 11 membros da delegação sionista.
Darmanin, no entanto, não mencionou qualquer proteção a atletas palestinos, árabes e muçulmanos, em um contexto de escalada da extrema-direita na Europa, incluindo atos de incitação e discriminação religiosa, como banimento do véu, por seu governo.
Em ato de solidariedade a Gaza realizado no sábado (20), Thomas Portes, deputado do partido de esquerda França Insubmissa (LFI) reafirmou que a equipe israelense “não é bem-vinda” e convocou protestos.
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“Estamos a apenas alguns dias de um evento internacional a ser realizado em Paris, isto é, os Jogos Olímpicos”, declarou Portes. “Estou aqui para dizer que não, a delegação de Israel e seus atletas não são bem-vindos nos Jogos de Paris”.
Em resposta, Stéphane Séjourné, ministro de Relações Exteriores da França, alegou em uma reunião com homólogos da União Europeia, na segunda-feira (22) que a delegação é “bem-vinda”.
Séjourné conversou ainda com sua contraparte israelense, Israel Katz, sobre o assunto, a fim de “garantir segurança à delegação” do país.
A declaração de Portes levou a uma campanha de difamação por núcleos sionistas e de ultradireita. Manuel Bompard, seu colega de partido e assembleia, saiu em sua defesa ao denunciar “uma onda de ódio” contra o deputado francês.
“Diante das reiteradas violações da lei internacional conduzidas pelo governo de Israel, é algo legítimo sugerir que seus atletas compitam sob uma bandeira neutra nos Jogos Olímpicos”, escreveu Bompard.
Israel mantém ataques indiscriminados contra Gaza desde 7 de outubro, deixando ao menos 39.006 mortos até então e 89.818 feridos, além de dez mil desaparecidos e dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 15 mil são crianças.
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Israel ignora ainda medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana, além de resoluções por um cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Ativistas pedem que o Estado colonial seja banido de eventos internacionais, como é o caso das Olimpíadas de Paris. A medida tem jurisprudência recente, como o banimento da Rússia, cujos atletas competirão sob bandeira neutra.
As ações israelenses constituem crime de guerra e genocídio.