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Israel confirma morte de dois reféns em Gaza, nega troca de prisioneiros

Israelenses protestam pela renúncia do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e uma troca de prisioneiros com os grupos palestinos de Gaza, na cidade de Tel Aviv, em 29 de junho de 2024 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

Israel informou na segunda-feira (22) que outros dois de seus cidadãos mantidos pelos grupos palestinos na Faixa de Gaza faleceram, em meio a pressão interna e diplomática por negociações de cessar-fogo e troca de prisioneiros, reportou a agência Reuters.

Conforme as informações, o anúncio precede a retomada das conversas indiretas nesta semana, a fim de libertar os 120 prisioneiros restantes.

O exército israelense alegou investigar a morte em cativeiro de Yagev Buchshtab, de 35 anos, e Alex Dancyg, de 76 anos, apreendidos em um colonato (kibutzim) no chamado envelope de Gaza, em 7 de outubro.

Segundo o Fórum das Famílias dos Reféns, órgão estabelecido para reivindicar ações do governo do premiê Benjamin Netanyahu, a morte de Alex e Yagev em custódia equivale a “um reflexo trágico das consequências de arrastar os pés sobre as negociações”.

“Yagev e Alex foram levados com vida e deveriam voltar vivos”, reiterou o Fórum.

Dancyg era cidadão binacional israelo-polonês. O Ministério de Relações Exteriores em Varsóvia lamentou seu falecimento, porém, sem mencionar as negociações: “A Polônia continua a exigir a soltura incondicional de todos os sequestrados de Gaza”.

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Autoridades israelenses reportaram até então a morte in absentia de cerca de um terço dos prisioneiros em Gaza. Segundo as lideranças palestinos, muitos caíram vítimas dos próprios bombardeios indiscriminados de Israel.

Netanyahu insiste em negar um acordo, sob ameaças de membros de seu gabinete de implodirem o governo. Críticos apontam que Netanyahu age em causa própria, receoso de que o fim de sua carreira política resulte em sua prisão por corrupção.

O Hamas se dispõe às negociações, mediadas por Egito, Catar e Estados Unidos, porém pede suspensão nos ataques e fluxo humanitário contínuo à população de Gaza, além de um processo de troca de prisioneiros.

Estima-se até dez mil prisioneiros políticos palestinos nas cadeias da ocupação, dentre os quais menores de idade, muitos deles sob detenção administrativa, sem julgamento ou sequer acusação — isto é, reféns por definição.

Neste entremeio, protestos de massa pela renúncia de Netanyahu e por ações políticas para reaver os reféns voltaram a tomar as ruas de Tel Aviv e outras cidades do país.

Israel mantém ataques indiscriminados contra Gaza desde 7 de outubro, em retaliação e punição coletiva por uma operação transfronteiriça do braço armado do Hamas que capturou colonos e soldados.

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Segundo o exército ocupante, 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. O número, no entanto, sofre escrutínio, após o jornal israelense Haaretz reportar “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes de Israel para impedir a tomada de reféns.

No território sitiado, Israel deixou ao menos 39 mil mortos e 90 mil feridos até então. Outras duas milhões de pessoas foram desabrigadas e dezenas de milhares continuam desaparecidas — provavelmente mortas sob os escombros.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em 26 de janeiro.

Netanyahu e o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, têm ainda um mandado de prisão requerido pela promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) — também em em Haia —, junto de três lideranças do Hamas.

O pedido deve ser avaliado na próxima semana por um painel pré-julgamento.

As ações israelenses em Gaza são crime de guerra e lesa-humanidade.

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