Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia, voltou a expressar um tom mais duro contra a agressão em Gaza, ao descrevê-la como “inaceitável” e notar que o bloco não pode manter relações normais com Israel no contexto atual.
“Não é possível mantermos normalmente a cooperação com Israel diante da situação em curso”, reiterou Borrell em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (22). “Israel pode interpretar a história como bem quiser, mas o respeito a lei internacional é algo obrigatório”.
“O que vemos em Gaza é uma catástrofe humanitária, feita pelo homem, de dimensões insuportáveis: 17 mil órfãos, quase 40 mil pessoas mortas”, acrescentou Borrell. “Para reconstruir Gaza serão necessários dez anos de retirada de destroços”.
Borrell destacou também o apoio da União Europeia à implementação das decisões do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, que confirmou na última sexta-feira (19) que a ocupação israelense nos territórios palestinos é ilegal e deve ter fim “o mais breve possível”.
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Israel ignora ainda medidas cautelares do TIJ, em processo à parte, pelo qual é réu por genocídio sob denúncia sul-africana, além de desacatar resoluções por um cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Apesar de apoio ocidental, a contínua escalada israelense levou a uma crise de relações públicas e diplomacia sem precedentes ao Estado ocupante.
Borrel enfrenta, contudo, resistência de núcleos de extrema-direita e liberais sionistas na Europa, alinhados ao regime israelense apesar de protestos populares de massa em solidariedade a Gaza.
Os ataques indiscriminados a Gaza deixaram ao menos 39.006 mortos e 89.818 feridos desde outubro, até então, além de dois milhões de desabrigados. As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.