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Egito prende cartunista em operação na madrugada

Polícia egípcia na cidade de al-Arish, na província do Sinai do Norte [Khaled Desouki/AFP via Getty Images]

Ashraf Omar, cartunista e tradutor para a rede independente Al-Manassa foi preso por forças de segurança do Egito nas primeiras horas da madrugada desta terça-feira (23), quando policiais invadiram sua casa no Cairo.

Segundo o jornal online Mada Masr, sua esposa, Nada Mougheeth, entregou vídeos de uma câmera de segurança que mostram policiais chegando ao local por volta da 1h30, levando Omar — vendado e algemado — quarenta minutos depois.

Os policiais também apreenderam dinheiro e o computador do cartunista.

Em julho, charges satíricas de Omar se voltaram à crise de energia elétrica que assola o Egito, além da dívida externa e da venda de recursos nacionais a investidores do Golfo, promulgada pelo regime militar do presidente Abdel Fattah el-Sisi.

Nora Younis, editora-chefe da rede Al-Manassa, condenou a prisão, ao reafirmar que o trabalho de Omar não viola quaisquer leis e reivindicar sua soltura.

A agência solicitou do procurador-geral do Egito, Mohamed Shawky, que “esclareça as condições do jornalista, informe seu local de detenção e suas acusações e permita que se encontre com seu advogado”.

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O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Egito, Khaled el-Balshy, somou apelos pela soltura imediata de Omar, exigiu das autoridades que revelem seu paradeiro e reiterou a “plena solidariedade” de sua entidade com o cartunista.

O sindicato ressaltou ainda seu “direito fundamental como jornalista de expressar a dor e o sofrimento do povo por meio de suas ilustrações”.

Mais cedo, em julho, outro jornalista, Khaled Mamdouh, também foi preso pelas forças egípcias, elevando o número de trabalhadores de imprensa detidos no país a ao menos 23 — isto é, aqueles que se tem conhecimento.

A ong Repórteres Sem Fronteiras (RSF) classifica o Egito no 170º em um ranking de 180 países em termos de liberdade de imprensa, ao denunciar “censura, incursões policiais, fechamento de redações, julgamentos falsos, desaparecimentos, prisões e detenções arbitrárias [como] uma realidade diária dos jornalistas egípcios”.

Em sua carreira, Omar contribuiu com diversas redes. Suas traduções cobrem também uma variedade de publicações, incluindo peças sobre ciências políticas, história, artigos e outras.

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