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Dez anos depois, crianças yazidis continuam desaparecidas

Primeiro dia de aula em uma escola em um campo de refugiados yazidi em Sharya, a 15 km da cidade de Dohuk, na região autônoma do Curdistão iraquiano, 1º de novembro de 2021 [Ismal Adnan/AFP via Getty Images]

O destino de aproximadamente 1.300 crianças yazidis no Iraque continua um mistério, dez anos após o genocídio perpetrado pela entidade terrorista Estado Islâmico (Daesh) contra a comunidade, alertou a ong Save the Children.

Outros milhares permanecem desabrigados, vivendo em tendas ou entre os escombros de Sinjar, na província de Nínive, no norte do Iraque.

Em 3 de agosto de 2014, uma ação do Daesh matou, abduziu e deslocou todos os 400 mil yazidis que viviam em Sinjar, em um caso de genocídio que afetou especialmente as crianças.

Estima-se que ao menos dez mil yazidis foram assassinados ou sequestrados; dentre os executados, metade crianças, de acordo com a revista científica PLOS Medicine.

Quase todos (93%) daqueles que eventualmente morreram devido à fome ou aos seus ferimentos no Monte Sinjar também eram crianças.

Dos 6.400 yazidis abduzidos, ao menos três mil eram crianças, corroborou ainda a ong yazidi Nadia’s Initiative.

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Meninos de apenas sete anos de idade foram enviados aos campos de treinamento do Daesh e meninas de somente nove anos foram submetidas a violência sexual, recordou a Save the Children.

Hoje, cerca de 2.700 yazidis continuam desaparecidos; 1.300 ainda crianças na ocasião do sequestro, segundo estimativas da Yazda, ong yazidi de direitos humanos que opera no Iraque. Cerca de 300 a 400 destes ainda têm menos de 18 anos de idade.

Até então, em torno de 3.500 yazidis foram localizados e resgatados, incluindo duas mil crianças, segundo a Nadia’s Initiative.

“Dez anos depois e ao menos mil crianças continuam desaparecidas, com suas famílias ainda despedaçadas”, reiterou Sarra Ghazi, diretora da Save the Children para o Iraque. “As crianças yazidis vivem em tendas há mais de uma década, com acesso insuficiente a serviços básicos e sem quaisquer meios de retorno voluntário e digno”.

“Crianças yazidis — todas as crianças — merecem segurança e educação”, acrescentou Ghazi.

Aproximadamente 200 mil yazidis continuam deslocados de suas comunidades nativas no Iraque, segundo dados da Organização Internacional para a Migração (OIM), agência das Nações Unidas. Muitos continuam sem teto, em campos de refugiados carentes de infraestrutura, incluindo escolas e clínicas.

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Em Sinjar, casas e prédios permanecem em ruínas, com as ruas repletas de destroços e restos de explosivos, tornando o distrito uma das áreas mais contaminadas do Iraque, segundo a organização assistencial Humanity & Inclusion.

Os danos à infraestrutura limitam severamente o acesso a água e eletricidade e há falta de escolas e hospitais para residentes que tentam retornar.

Yazidis sofrem ainda do trauma, com graves problemas de saúde mental, incluindo até mesmo pensamentos suicidas entre as crianças, segundo a Save the Children.

A ong reforçou apelos para que autoridades locais e internacionais priorizem a provisão de apoio abrangente à saúde mental e reintegração social das crianças yazidis, ao pedir aumento no investimento em educação, saúde e moradia às famílias.

Segundo a Save the Children, o objetivo é garantir que as crianças yazidis, assim como todas as crianças, tenham asseverados seus direitos a segurança, estabilidade e futuro próspero.

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