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Olimpíadas devem banir Israel como apartheid sul-africano, reafirma oficial palestino

Protesto pró-Palestina na cidade de Toulouse, na França, em 13 de julho de 2024; no cartaz, em francês, “Israel assassino, Estado terrorista” [Pat Batard/Hans Lucas/AFP via Getty Images]

Israel não deveria participar das Olimpíadas de Paris, ressaltou nesta quinta-feira (25) o presidente do Comitê Olímpico Palestino, Jibril Rajoub, ao solicitar do Comitê Olímpico Internacional (COI) que reconsidere sua negativa e reconheça as atrocidades cometidas em Gaza.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Ao pousar no Aeroporto Internacional Charles de Gaulle, em Paris, para as Olimpíadas, Rajoub insistiu a jornalistas que Israel “perdeu o direito” de competir nos Jogos, assim como a África do Sul durante o período de apartheid, entre 1964 e 1988.

Rajoub mencionou a decisão do COI de 1970 para expulsar o Comitê Olímpico Nacional Sul-Africana da confederação.

Na terça-feira (23), Thomas Bach, ex-esgrimista alemão e presidente do COI, negou um pedido da Comissão Olímpica da Palestina para banir Israel dos jogos na França devido ao genocídio em Gaza.

A medida tem jurisprudência recente: atletas da Rússia e Bielorrússia concorrerão sob bandeira neutra, devido à invasão militar do Kremlin contra a Ucrânia.

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Na segunda-feira (22), o Comitê Olímpico da Palestina enviou uma carta a Bach, na qual argumentou que Israel age em transgressão da tradicional trégua olímpica, que deveria começar em 19 de julho e seguir até os Jogos Paralímpicos em setembro.

“Queremos que o mundo tenha ciência dos crimes cometidos pelos ocupantes racistas, fascistas e nazistas contra o povo palestino”, reiterou Rajoub.

O que está acontecendo em Gaza, assim como em Jerusalém Oriental e em todo o território palestino, é a mesma coisa que os nazistas fizeram na década de 1940.

“O mundo sabe muito bem de que a maior ameaça à paz internacional e à estabilidade na região é justamente a recusa de Israel em dar fim à ocupação na Palestina e garantir ao povo palestino seu direito de viver pacificamente”, acrescentou.

Dois pesos, duas medidas

Rajoub lamentou o que descreveu como padrão duplo adotado pelo COI, ao notar que permitir a participação de Israel viola os estatutos e princípios das Olimpíadas, além da lei internacional.

“Por razões legais, éticas e humanitárias, Israel abdicou de seu direito de participar do evento”, argumentou Rajoub.

Para Rajoub, sempre que uma bandeira israelense for vista nas transmissões dos Jogos, é preciso recordar dos mísseis que continuam caindo sobre as crianças de Gaza.

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Sobre um encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, Rajoub comentou que a reunião ainda nesta semana. Rajoub sugeriu esperanças de que Macron anuncie o reconhecimento do Estado palestino, conforme as resoluções internacionais.

“Nossa mensagem à França e seu povo é que é hora de reconhecer o Estado palestino, ao assumir uma posição firme contra os ataques israelenses perpetrados contra o povo palestino”, concluiu Rajoub.

As Olimpíadas de Paris começam oficialmente nesta sexta-feira (26) e se encerram em 11 de agosto.

Israel mantém ataques indiscriminados contra Gaza desde 7 de outubro, deixando ao menos 39 mil mortos e 90 mil feridos até então, além de dez mil desaparecidos e dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 15 mil são crianças.

As ações israelenses desacatam medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana, além de resoluções por um cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Espera-se uma onda de protestos pró-Palestina ao longo das Olimpíadas.

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