O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu nesta sexta-feira (26), em Mar-a-Lago, sua residência pessoal no estado da Flórida, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reportou a agência de notícias Anadolu.
“Estou honrado, a maior das honras”, disse Trump ao cumprimentar calorosamente seu aliado israelense e a esposa, Sara Netanyahu, no balneário em Palm Beach.
O encontro concluiu a viagem de uma semana de Netanyahu aos Estados Unidos, onde se deparou com protestos populares e boicotes de parlamentares.
Na quarta-feira, Netanyahu fez um discurso ao Congresso dos Estados Unidos, no qual promoveu a continuidade do genocídio em Gaza.
Ao Congresso, Netanyahu assumiu uma postura negacionista, ao refutar as mortes civis em Gaza, e supremacista, ao buscar desumanizar os palestinos. Além disso, descreveu manifestantes antiguerra como “antissemitas” e “idiotas úteis”.
Em entrevista à rede de extrema-direita Fox News, comentou Trump: “É preciso acabar com isso logo [a guerra em Gaza] porque [Israel] está sendo dizimado pela publicidade. Israel não é muito bom em relações públicas, vou ter que te dizer”.
Durante seu mandato, Trump favoreceu Israel ao adotar medidas contrárias às leis e ao consenso internacional, como ao transferir a embaixada americana de Tel Aviv à cidade ocupada de Jerusalém e reconhecer a “soberania” israelense sobre as colinas de Golã, também ocupadas, pertencentes à Síria.
Todavia, o reconhecimento de Netanyahu da vitória de Biden nas eleições de 2020, em meio às alegações de fraude postas por Trump, afastaram os aliados. Em entrevista na época, Trump chegou a dizer “F**a-se ele”, em alusão ao premiê.
Desta vez, no entanto, Trump refutou quaisquer tensões, ao alegar que ambos “sempre tiveram relações muito boas”.
“Eu ainda gosto do Bibi”, declarou Trump, ao usar o apelido de Netanyahu. “Mas gosto também de lealdade”.
Na quinta-feira (25), Netanyahu conversou, em horários à parte, com o presidente Joe Biden e sua vice-presidente Kamala Harris, cotada para substituir o incumbente como candidata democrata contra Trump nas eleições de novembro.
Após seu encontro na Casa Branca, Harris manifestou preocupação com a situação em Gaza e pediu um cessar-fogo. Ao premiê israelense, Trump afirmou que os comentários da vice-presidente foram “desrespeitosos”.
Em 31 de maio, sob incisiva pressão interna, Biden apresentou um plano em três fases para cessar as hostilidades e obter uma troca de prisioneiros com o movimento Hamas; no entanto, sem a anuência de Israel.
Israel mantém ataques indiscriminados contra Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados.
A campanha israelense, como punição coletiva, deixou mais de 39 mil mortos e 90 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados.
As ações israelenses desacatam também medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana, além de resoluções por um cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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