Palestinos precisam de acesso urgente à vacina da pólio em Gaza, diz OMS

Equipes humanitárias da ONU estão em uma corrida contra o tempo para impedir uma epidemia de poliomielite em Gaza e reforçaram nesta terça-feira os apelos por um cessar-fogo para permitir o início de uma campanha de vacinação em massa.

Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz da Organização Mundial da Saúde, OMS, disse que é preciso impedir que as vacinas fiquem “estacionadas, assim como muitos outros caminhões, do outro lado da fronteira”. Christian Lindmeier afirmou que um cessar-fogo seria “a melhor solução”.

Urgência da entrada de vacinas

Após 10 meses de guerra e intensos bombardeios israelenses, o atendimento médico no enclave foi destruído, interrompendo serviços de vacinação de rotina e deixando a população, especialmente os mais jovens, expostos a uma série de doenças evitáveis, incluindo a poliomielite.

A OMS está atuando para enviar 1 milhão de vacinas contra a doença para Gaza. Semanas atrás, a agência confirmou ter identificada o vírus causador da poliomielite em diversas amostras de esgoto coletadas no enclave. Nenhum caso de paralisia foi relatado até agora, de acordo com a agência.

O porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, James Elder, disse que se uma criança receber o ciclo completo de vacinas, o risco de contrair poliomielite paralisante é “insignificante”.

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Ele afirmou que as taxas de vacinação eram “muito altas” antes da guerra, mas o “deslocamento em massa, a destruição da infraestrutura de saúde e o ambiente operacional terrivelmente inseguro” tornaram tudo muito mais difícil.

Emergência hídrica

Elder comentou ainda a destruição na semana passada de uma importante estação de tratamento de água na cidade de Rafah, no sul. Ele disse que isso criou perigos adicionais à saúde e representa um “lembrete sombrio” de como esses ataques afetam “famílias que já estão em necessidade desesperada de água”.

O porta-voz do Unicef ressaltou que:

Atualmente em Gaza a disponibilidade média de água caiu para entre dois e nove litros por pessoa, por dia. O mínimo recomendado pela OMS é de 15 litros.

Ele alertou para um “ciclo mortal em que as crianças estão muito desnutridas, há um calor imenso, há falta de água e há uma falta horrível de saneamento”, além de um conflito “muito ativo.”

A criança palestina de 6 anos Hikmat Badr morreu devido à desnutrição e à falta de medicamentos, é vista em um hospital enquanto os casos de desnutrição, especialmente em crianças, estão aumentando rapidamente, assim como a propagação de epidemias devido aos ataques israelenses em andamento em Deir al-Balah, Gaza. [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

Cidades afetadas por ordens de evacuação

Na segunda-feira, o Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, disse que mais de 200 mil pessoas em Gaza, 9% da população, foram deslocadas à força pelas recentes ordens de evacuação israelenses.

As diretivas emitidas no sábado e domingo impactaram Rafah, Khan Younis e Deir Al-Balah, onde um total de 56 mil pessoas estavam abrigadas. Segundo o Ocha, esse fluxo ocorre “em um momento em que as condições de água, saneamento e higiene estão sendo ainda mais prejudicadas em Gaza, com o aumento de doenças infecciosas”.

A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, estima que o número de casos de hepatite A em Gaza aumentou para quase 40 mil desde o início da guerra. Segundo a agência, mais crianças correm o risco de contrair a doença devido ao deslocamento massivo, abrigos superlotados, falta de água potável, sabão e outros materiais de higiene.

Publicado originalmente em ONU News

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