Um novo relatório da organização Human Rights Watch (HRW) destacou casos extensos de violência sexual e de gênero cometidos por ambos os lados na guerra civil no Sudão, isto é, as Forças Armadas e o grupo paramilitar Forças de Suporte Rápido (FSR).
O país é tomado pela guerra desde abril de 2023.
As evidências se baseiam em entrevistas de trabalhadores de saúde, assistentes sociais e advogados, que interagiram com centenas de sobreviventes na capital Cartum, além das regiões de Cartum do Norte e Omdurman.
Na última semana, relatos de Omdurman indicaram que mulheres estão sendo levadas à prostituição para obterem comida a suas famílias.
O relatório intitulado “Khartoum is not Safe for Women!” — ou “Cartum não é segura para as mulheres!” — revela que mulheres de nove a 60 anos de idade, sofrem abusos sexuais generalizados, incluindo estupro, estupro coletivo, casamento à força e infantil. Há também vítimas do sexo masculino, incluindo meninos.
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A maior parte das atrocidades é atribuída a milícias das Forças de Suporte Rápido, que se posicionaram em diversas áreas logo no início do conflito. O exército regular, porém, também é implicado nas violações.
Voluntários assistenciais relataram níveis particularmente altos de violência sexual em áreas povoadas de Cartum do Norte e Omdurman. Um dos relatos compilados apontou o caso de uma mãe e quatro filhas estupradas por milicianos em frente à família.
O relatório revela cicatrizes profundas em nível físico, emocional e psicológico sobre as sobreviventes, algumas com lesões fatais ou definitivas. Casos de gravidez por estupro carecem de acesso a aborto e outros cuidados.
A ong Médicos Sem Fronteiras (MSF) corroborou a epidemia de violência sexual no país norte-africano, com destaque à região de Darfur, onde as Forças de Suporte Rápido são denunciadas por limpeza étnica.
A Organização das Nações Unidas (ONU) descrevem a situação no Sudão como um dos piores desastres humanitários na história recente, deixando dez milhões de deslocados e outros milhões à margem da fome.
O HRW sugeriu intervenção da ONU e da União Africana em defesa da população civil.
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