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EUA negam envolvimento no assassinato de Haniyeh em Teerã

Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e secretário da Defesa, Lloyd Austin, em Manila, Filipinas, em 30 de julho de 2024 [Gabinete de Comunicação das Filipinas/Agência Anadolu]

Os Estados Unidos não estiveram envolvidos, tampouco foram informados, do ataque atribuído a Israel que resultou na morte de Ismail Haniyeh, líder do gabinete político do Hamas, em Teerã, nesta quarta-feira (31), declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

“É algo de que não estávamos cientes ou envolvidos”, afirmou Blinken em entrevista à rede CNA, durante visita a Singapura.

Haniyeh foi morto na capital iraniana, nesta madrugada, horas após atender à posse do novo presidente Masoud Pezeshkian.

O Supremo Líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu retaliar.

Questionado se o assassinato mudaria o curso da guerra, Blinken respondeu: “É muito difícil especular e aprendi, ao longo dos anos, em jamais especular sobre o impacto de um evento sobre outro”.

Blinken insistiu que Washington “continuará a trabalhar” por um acordo de cessar-fogo “pelo tempo que for preciso para chegar lá”.

“É de vital importância dar fim ao sofrimento dos palestinos de Gaza, assim como levar os reféns de volta para a casa, incluindo americanos”, acrescentou.

LEIA: Tão criminoso quanto desesperado: o assassinato de Ismail Haniyeh por Israel

Catar e Egito, que agem como mediadores de um eventual acordo entre Israel e Hamas junto aos Estados Unidos, no entanto, advertiram que o atentado contra Haniyeh deve descarrilar o processo, dada a importância do líder político nas negociações.

Ao citar uma fonte americana, a rede CBS News disse que Washington considera que o líder palestino foi morto por um ataque israelense. Israel não comentou o caso, exceto ministros extremistas que celebraram o assassinato.

O atentado em Teerã aumenta temores sobre a deflagração de um conflito regional, no contexto do genocídio em Gaza, desde outubro de 2023.

Ao menos 39.445 palestinos foram mortos por Israel em Gaza, além de 91 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Dentre as fatalidades, 15 mil são crianças.

Israel e Hezbollah, grupo libanês ligado ao Irã, trocam disparos transfronteiriços desde então, incluindo um ataque aéreo israelense diretamente a Beirute poucas horas antes do atentado contra a Haniyeh.

O exército israelense mantém ainda bombardeios em diversos fronts, incluindo Síria e Iêmen, onde enfrenta um embargo no Mar Vermelho imposto pelo movimento houthi — também ligado ao Irã — que administra o país.

O Estado colonial justifica suas ações como “autodefesa” por uma operação do Hamas que atravessou a fronteira e capturou colonos e soldados.

Segundo o exército ocupante, 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. O índice, porém, sofre escrutínio, após o jornal israelense Haaretz corroborar “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes de Israel para impedir a tomada de reféns.

O Estado de Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro. As ações israelenses em Gaza e em toda a região equivalem a punição coletiva e crimes de guerra.

LEIA: A guerra será diferente após a morte de Haniyeh, afirmam Hamas e Irã

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