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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Conselho de Segurança soa alarme sobre risco de guerra aberta no Oriente Médio

Feda Abdelhady, vice-embaixadora da Palestina das Nações Unidas, realiza pronunciamento ao Conselho de Segurança da ONU, ao lado dos emissários de China e Irã, em Nova York, Estados Unidos, em 31 de julho de 2024 [Seçuk Acar/Agência Anadolu]

O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu nesta quarta-feira (31), a pedido do Irã, após um atentado atribuído a Israel resultar na morte de Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político do grupo palestino Hamas, em Teerã, somando-se a uma escalada recente incluindo ataques israelense ao Líbano e Iêmen.

Haniyeh estava na capital iraniana para a posse do presidente Masoud Pezeshkian. Sua morte ocorreu um dia após um bombardeio a Beirute, no qual Israel alegou matar uma liderança do grupo Hezbollah.

Durante a sessão, países-membros pediram por maiores esforços diplomáticos a fim de impedir uma guerra aberta no Oriente Médio, após quase dez meses de genocídio em Gaza, mediante bombardeios indiscriminados de Israel.

Ao abrir a sessão, a subsecretária-geral das Nações Unidas, Rosemary DiCarlo, reiterou: “Os vários ataques nos últimos dias representam uma grave e perigosa escalada”. Para DiCarlo, é crucial recorrer à diplomacia para “mudar a trajetória e buscar um caminho rumo a paz e estabilidade regional”.

DiCarlo observou que o secretário-geral, António Guterres, pediu “máxima moderação de todos”. Porém, advertiu que “somente moderação não é suficiente, neste momento extremamente sensível”.

A comunicação por mísseis, drones armados e ataques letais precisa acabar … Precisamos de ações diplomáticas rápidas e efetivas para desescalada regional. Este Conselho tem papel crucial neste sentido. A hora é agora.

Shino Mitsuko, vice-embaixador do Japão na ONU, ressoou o alarde e pediu ações para evitar a escalada: “Tememos que a região esteja à margem de uma guerra aberta”.

China, Rússia, Argélia e outras missões condenaram o assassinato de Haniyeh, descrito pela representação iraniana como “ato de terrorismo”.

LEIA: A morte do chefe do Hamas no Irã alimenta temores de retaliação e de uma guerra mais ampla

Estados Unidos, Reino Unido e França mantiveram-se ao lado de Israel, ao acusar o Irã de agentes que supostamente desestabilizam a região.

Fu Cong, embaixador da China na ONU, culpabilizou o fracasso em alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza pela piora da situação. “Países com grande influência têm de pôr mais pressão e trabalhar com mais vigor [para] apagar as chamas da guerra que tomam Gaza”, declarou o diplomata.

Barbara Woodward, embaixadora britânica, pediu calma e comedimento e repetiu seus apelos por um cessar-fogo em Gaza. Para Woodward, Israel e Hamas precisam renovar o compromisso com um processo de paz, rumo à “solução de dois Estados”.

“O caminho para a paz é por meio de negociações diplomáticas”, ressaltou Woodward. “A paz a longo prazo não será assegurada com balas e bombas”.

Robert Wood, vice-embaixador dos Estados Unidos, pediu a membros do Conselho de Segurança com influência em Teerã que “aumentem a pressão para cessar sua escalada em um conflito por procuração contra Israel e outros agentes”.

Wood, entretanto, reiterou que seu país não teve envolvimento nas ações em Beirute e Teerã desta semana.

O embaixador iraniano Amir Saeid Iravani respondeu ao enfatizar que seu país exerceu máximo comedimento ao longo da crise em curso, mas guarda o direito de responder decisivamente dada a violação a sua soberania e integridade territorial.

Iravani denunciou o “covarde assassinato por Israel” de Haniyeh, ao descrevê-lo como “mais uma manifestação de um padrão de décadas de terrorismo e sabotagem contra os palestinos e apoiadores da causa palestina na região e além”.

Segundo o diplomata, o objetivo de Israel não se resumiu a fins militares, mas também a lesar o primeiro dia do novo governo no Irã, descrito como moderado.

LEIA: Quem foi Ismail Haniyeh, chefe político do Hamas assassinado em Teerã

Conforme o embaixador argelino, Amar Bendjama, o assassinato de Haniyeh “não é um ataque apenas a um único homem [mas sim] às fundações da diplomacia, da soberania dos Estados e dos princípios que sustentam a ordem global”.

Bendjama reforçou apelos por responsabilização aos “crimes de guerra hediondos” e as “flagrantes violações de direitos humanos” por parte de Israel.

Jonathan Miller, vice-embaixador israelense, usou seu tempo para devolver acusações ao Irã, ao pedir condenação ao “terrorismo regional” e maiores sanções contra o país. Miller repetiu o mantra de “autodefesa”, ao ameaçar “reagir com enorme força contra aqueles que nos ferem”.

Feda Abdelhady Nasser, vice-embaixadora do Estado da Palestina nas Nações Unidas, em condição de observador permanente, reiterou que “há décadas, Israel é o opressor, algoz e assassino do povo palestino e agente desestabilizante na região”.

“Reivindicamos justiça pelo assassinato de Ismail Haniyeh, como exigimos justiça pelos assassinatos e ataques arbitrários de 130 mil crianças, mulheres e homens no decorrer dos últimos 300 dias de horror e inferno que assolam Gaza”, acrescentou.

Esta é uma guerra que ameaça a paz e segurança internacional. Contudo, Israel recebe anuência para travar essa guerra em plena luz do dia, sem restrições ou consequências … Todo dia traz mais e mais horror, perda e sofrimento ao nosso povo, à medida que as forças ocupantes de Israel assassinam crianças, mulheres e homens.

Abdelhady destacou ainda a violação contra a soberania e integridade territorial, pelas ações israelenses, de países como Irã, Líbano, Síria e Iêmen.

“Pedimos mais uma vez, com máxima urgência, ao Conselho de Segurança, Assembleia Geral e a todas as nações que amam a paz e respeitam a lei que ajam de imediato para dar fim às criminosas agressões de Israel contra os palestinos e nossa região”, concluiu Abdelhady.

Em Gaza, os ataques indiscriminados de Israel, com apoio de Estados Unidos e outros, deixaram ao menos 39 mil mortos e 90 mil feridos desde outubro.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

LEIA: Procurador-geral do Irã ordena investigação especial sobre morte de Haniyeh

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