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Israel alega ter eliminado Mohammed Deif, chefe militar do Hamas

Mohammed Deif, comandante-chefe das Brigadas Izz al-Din al-Qassam, braço armado do grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza [Reprodução]

O exército israelense afirmou ter “eliminado” Mohammed Deif, comandante-chefe das Brigadas Izz al-Din al-Qassam, braço armado do grupo palestino Hamas, no sul de Gaza, mediante ataque aéreo realizado em 13 de julho.

“Podemos confirmar agora: Mohammed Deif foi eliminado”, disse o exército israelense em breve comunicado no Twitter (X), nesta quinta-feira (1º).

Izzat al-Rashq, membro do Hamas, no entanto, comentou no Telegram: “Confirmar ou negar o martírio de quaisquer oficiais das Brigadas al-Qassam é uma questão para sua liderança e para a liderança do movimento”.

Os canais oficiais do grupo palestino tampouco confirmaram o óbito até então.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant — com mandado de prisão requerido pela promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia — caracterizou Deif, em tom racista, como o “Osama Bin Laden de Gaza” e comemorou sua morte como “um marco no processo de desmantelar o Hamas”.

Gallant subiu o tom no Twitter (X): “Os terroristas do Hamas [sic] devem se render ou serão eliminados. O establishment de defesa de Israel acossará os terroristas [sic] e não descansaremos até que essa missão seja cumprida”.

Para o ministro supremacista Bezalel Smotrich (Finanças), contrário a alertas e análises de especialistas, que apontam para o caráter orgânico da resistência em Gaza, o fim do Hamas está “mais próximo do que nunca”.

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“Não devemos parar até a vitória”, disse Smotrich no Twitter (X), após quase dez meses de ofensiva a Gaza que deixou 39 mil mortos e 90 mil feridos, em maioria, mulheres e crianças. “Vamos destruir todos”, acrescentou.

Segundo as informações, Deif foi supostamente morto junto a 90 civis, além de outros 300 feridos, em um ataque de Israel a uma área designada como “zona segura” em al-Mawasi, a oeste de Khan Younis.

O bombardeio atingiu tendas que abrigavam deslocados pela guerra e uma unidade de destilação de água. Na ocasião, viralizaram imagens de civis resgatando familiares dos escombros, incluindo crianças e paramédicos feridos.

Após o ataque, o exército israelense insistiu na tese de um “ataque de precisão” contra “dois terroristas sêniores do Hamas [sic]”. O ataque a civis, todavia, constitui a crime de guerra.

Quem é Deif?

Deif, de 58 anos de idade, foi um dos fundadores das Brigadas al-Qassam na década de 1990 e comandou as tropas por mais de 20 anos.

Nasceu em 1965 no campo de refugiados de Khan Younis, filho de refugiados da Nakba, ou catástrofe palestina de 1948, quando milícias coloniais sionistas expulsaram 800 mil palestinos nativos de suas terras ancestrais.

Em 1987, durante a Primeira Intifada, juntou-se ao então emergente Hamas.

Em 2014, Deif perdeu sua esposa, um filho de sete meses e uma filha de três anos para um ataque aéreo israelense.

O exército israelense o considera como um dos três líderes responsáveis pela operação transfronteiriça do Hamas de 7 de outubro, que capturou colonos e soldados.

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Em áudio então divulgado, Deif denominou a operação como Tempestade de Al-Aqsa, em referência às violações coloniais israelenses contra a Mesquita de Al-Aqsa, terceiro lugar mais sagrado para o Islã, em Jerusalém ocupada.

Israel alega que 1.200 pessoas foram mortas na ocasião, ao apelar às fatalidades como justificativa para punição coletiva e o subsequente genocídio em Gaza. O número sofre, contudo, escrutínio após o jornal israelense Haaretz expor casos de “fogo amigo”, com ordens gravadas de chefes militares para não permitir a tomada de reféns.

O anúncio foi divulgado um dia após o assassinato de Ismail Haniyeh, chefe político do Hamas, em Teerã, onde estava para a posse do presidente Masoud Pezeshkian. Grupos palestinos atribuíram a morte a um “ataque sionista”.

Haniyeh era considerado homem de decisões no processo de negociações pelo cessar-fogo em Gaza, junto a um acordo de troca de prisioneiros.

Na noite anterior, Israel atacou também o sul de Beirute, onde alegou eliminar um líder do grupo Hezbollah, com quem troca disparos transfronteiriços desde outubro.

As ações israelenses representam uma nova escalada que envolve Irã, Iêmen e Líbano, entre outros grupos. Há receios de propagação da guerra a uma escala regional.

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