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Israel coloca toda a região à margem da guerra, alertam núcleos de resistência

Prédio destruído por um bombardeio israelense a Beirute, capital do Líbano, em 31 de julho de 2024 [Houssam Shbaro/Agência Anadolu]

Maher al-Taher, chefe de Relações Internacionais da Frente Popular para Libertação da Palestina (FPLP), condenou o assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, na cidade de Teerã, nesta quarta-feira (31).

O atentado, atribuído a Israel, ocorreu um dia depois de um bombardeio israelense em Beirute, capital do Líbano, contra um suposto alvo do grupo Hezbollah.

As informações são da rede Prensa Latina.

Para al-Taher, Israel mais uma vez cruzou as linhas vermelhas com ambas as ações, em menos de 24 horas, ao levar toda a região à margem da guerra.

Para o deputado libanês Tal Arslam, membro da comunidade drusa, Israel busca mudar sua imagem de derrota, ao apelar a um suposto ataque do Hezbollah contra as colinas ocupadas de Golã para justificar sua escalada.

A crise coincide com o genocídio israelense em Gaza, com apoio ocidental, após quase dez meses de bombardeios indiscriminados e invasão militar ao território, deixando ao menos 39 mil mortos e 90 mil feridos, em maioria, mulheres e crianças.

Diante de apreensões sobre a propagação regional da guerra, de acordo com a rede Al Mayadeen, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, alegou que “caso Israel seja atacado, nós o ajudaremos a se defender [sic]”.

LEIA:Por que Israel matou Ismail Haniyeh e quais podem ser as repercussões?

Conforme relatos, o bombardeio em Beirute deixou cinco civis mortos e 70 feridos, ao atingir um edifício residencial na área de Haret Hreik, na periferia sul da capital.

Para Abu Mujahid, chefe do Gabinete de Imprensa dos Comitês de Resistência, a morte de Haniyeh e seu guarda-costas em Teerã deve levar as forças regionais de resistência a uma resposta contra a ocupação.

Nasser Kanaani, porta-voz do Ministério dos Relações Exteriores do Irã, destacou que o assassinato de Haniyeh deve fortalecer ainda mais o relacionamento entre a República Islâmica, a Palestina e os vários núcleos de resistência na região.

Diversos grupos de resistência no Líbano, Iêmen, Iraque e Palestina condenaram o que descreveram como ações criminosas de Israel.

O grupo Ansarallah — os houthis iemenitas — somou-se às condenações ao atentado contra Haniyeh, como “importante escalada, enorme transgressão e flagrante violação de todas as leis, normas e tratados internacionais”.

Para os houthis, trata-se de um “crime de terrorismo” em um momento crucial frente a ocupação. A liderança, porém, reiterou: “Estamos determinados a continuar ao lado do Hamas e das facções de resistência em confrontar a agressão israelense, com apoio dos Estados Unidos”.

“É imperativo a todos aqueles que arrastam os pés, sobretudo os regimes governantes, que acordem de seu torpor e trabalhem para preservar a dignidade de suas nações em apoio à Palestina”, acrescentou o movimento.

O assassinato de Haniyeh não dissuadirá o povo palestino ou impedirá a continuidade da resistência. De fato, somente aumentará sua resiliência.

Para o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, a insistência de Israel em atacar civis levará o bloco de resistência a responder em escala inédita contra os colonatos e bases militares de Israel.

De acordo com Nasrallah, o genocídio israelense desde outubro levou a uma nova fase na “epopeia palestina da Tempestade de Al-Aqsa”, como foi chamada a ação do Hamas que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados.

Israel e Hezbollah trocam disparos transfronteiriços desde outubro.

O exército israelense mantém bombardeios em diversos fronts, incluindo Síria e Iêmen, onde sofre um embargo no Mar Vermelho imposto pelo movimento houthi — também ligado ao Irã — que administra o país.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro. As ações israelenses em Gaza e em toda a região equivalem a punição coletiva e crimes de guerra.

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