Aniversário da bomba em Hiroshima é tomado por protestos pró-Palestina

Vozes pró-Palestina tomaram os memoriais conduzidos nesta terça-feira (6) para o 79º aniversário do bombardeio atômico, realizado pelos Estados Unidos, contra a cidade de Hiroshima, no Japão, em 6 de agosto de 1945.

Três dias depois, Washington lançou outra bomba nuclear contra a cidade de Nagasaki, resultando na morte de 140 mil pessoas até o fim daquele ano.

Palavras de ordem e denúncias do genocídio israelense na Faixa de Gaza ressoaram em Hiroshima e outras cidades do país, durante as celebrações da vigília nacional.

No cenotáfio do Memorial de Paz de Hiroshima, manifestantes observaram um minuto de silêncio, às 20h15 (23h15 GMT), horário do lançamento da bomba nuclear.

Os manifestantes protestaram, no entanto, contra o convite da gestão local a oficiais de Israel, ao recordá-los do genocídio em Gaza, com 40 mil mortos desde outubro.

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Vídeos e fotos de atos pró-Palestina em todo o Japão foram compartilhados online, em meio a apelos renovados por cessar-fogo no enclave palestino.

O governador de Hiroshima, Hidehiko Yuzaki, afirmou no memorial: “A guerra continua em todo o mundo … Homens, mulheres, crianças e idosos alvejados por balas ou feitos em pedaços por bombas”.

Durante sua fala, emissoras de televisão focaram nas reações do embaixador israelense no Japão, Gilad Cohen, notaram usuários das redes sociais.

O prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, rejeitou os apelos para revogar seu convite a oficiais israelenses do “evento de paz”, mas comentou: “A invasão russa na Ucrânia e a piora da situação na Palestina estão ceifando vidas de incontáveis inocentes, acabando com a vida normal”.

O convite a Tel Aviv foi denunciado por ativistas, sobretudo após autoridades japonesas negarem a presença de oficiais russos e bielorrussos no contexto de guerra. Conforme relatos, tampouco foi convidado um representante da embaixada palestina.

O prefeito de Nagasaki, Shiro Suzuki, em contrapartida, rescindiu o convite a Israel para os eventos de 9 de agosto, segundo informações da rede Kyodo News.

Em evento alternativo, realizado online, o emissário palestino no Japão, Waleed Siam, comentou: “As tragédias globais estão aprofundando a desconfiança e o medo entre as nações, ao reforçar um pressuposto de que, para solucionar problemas internacionais, temos de recorrer à força militar, quando deveríamos rejeitá-la”.

No contexto da crise geopolítica contemporânea, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, reafirmou “o dever [de seu país] de trabalhar para construir um mundo livre de armas nucleares”.

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Ativistas pró-Palestina também ergueram cartazes e bandeiras em Tóquio, com apelos por boicote a produtos israelenses que auxiliam ou lucram com as violações cometidas por Israel nos territórios ocupados.

Em frente à embaixada israelense em Tóquio, manifestantes simularam os mortos de Gaza, ao se deitarem nas calçadas.

Segundo estimativas, Israel lançou o equivalente a seis bombas nucleares contra Gaza desde outubro, comparado aos quilotons de Hiroshima e Nagasaki.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro. Seu exército age ainda em desacato de medidas cautelares por desescalada e fluxo humanitário contínuo.

As ações israelenses são punição coletiva e crime de guerra.

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