Assassinato de Haniyeh busca prolongar guerra em Gaza, alerta Abbas

O assassinato de Ismail Haniyeh, chefe político do movimento Hamas, foi realizado com intuito de prolongar o conflito na Faixa de Gaza, disse Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, em entrevista à imprensa russa publicada nesta terça-feira (5).

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Não há dúvida de que o propósito por trás do assassinato do sr. Haniyeh é prolongar a guerra e expandir seu escopo”, afirmou Abbas. “Certamente terá um impacto negativo nas negociações para dar fim à agressão e retirar as tropas israelenses de Gaza”.

Abbas reforçou apelos para que Israel dê fim a “ações hostis” contra o povo palestino, respeite a lei internacional e implemente a Iniciativa de Paz Árabe, isto é, normalização com vizinhos em troca do reconhecimento de um Estado palestino.

A morte de Haniyeh sucedeu um acordo de reconciliação entre facções nacionais rivais firmado na China, anunciado em 23 de julho. O acordo pareceu aproximar o Fatah, com base na Cisjordânia, do Hamas, em Gaza, como preparativo ao pós-guerra.

Abbas não compareceu ao funeral de Haniyeh realizado em Doha, capital do Catar, mas enviou emissários de seu governo.

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Tensões regionais escalaram após a morte de Haniyeh em Teerã, em 31 de julho, onde estava para a cerimônia de posse do novo presidente Masoud Pezeshkian. Hamas e Irã culparam Israel, que não comentou o incidente até então.

Israel, no entanto, disparou alerta máximo para uma eventual resposta militar de Teerã e de seu aliado libanês, Hezbollah, que prometeu retaliar um bombardeio a Beirute, no qual faleceu um comandante do grupo.

Israel mantém ataques a Gaza desde outubro, deixando 40 mil mortos e 90 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados.

Na Cisjordânia, onde está sediada a Autoridade Abbas, Israel intensificou seus pogroms e suas incursões coloniais, com 600 mortos, 5.400 feridos e quase dez mil prisioneiros políticas nas cadeias da ocupação — sobretudo sem julgamento ou acusação.

Em maio, o governo dos Estados Unidos de Joe Biden sugeriu um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros, realizado em etapas. O Hamas apontou disposição em avançar nas negociações; contudo, sem o aval de Israel.

As negociações são mediadas por Estados Unidos, Catar e Egito. Após o assassinato de Haniyeh, contudo, advertiu Doha: “Como a mediação pode ter sucesso quando um dos lados mata o negociador do outro?”.

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