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Matar palestinos de fome é ‘justificado e moral’, diz ministro israelense

O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse na segunda-feira (5) que matar de fome os dois milhões de palestinos de Gaza é “justo e moral, mas o mundo não vai nos permitir”. Israel mantém um cerco absoluto a Gaza desde outubro de 2023, com organizações de direitos humanos, incluindo a ONU, advertindo que limitar a entrada de comida, água e medicamentos culminou em uma “fome feita pelo homem”, matando dezenas de crianças.

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, sugeriu nesta segunda-feira (5), em declaração ao jornal hebraico Israel Hayom, que deixar morrer de fome os dois milhões de palestinos de Gaza seria “justificado e moral”.

Smotrich voltou a defender a obstrução da assistência humanitária a Gaza, mas admitiu que Israel carece, no momento, de legitimidade internacional para fazê-lo.

“Levamos ajuda porque não temos escolha”, insistiu o ministro supremacista, conforme o jornal Times of Israel. “Não podemos, no atual contexto global, administrar a guerra. Ninguém vai nos matar de fome dois milhões de civis, embora possa ser algo justificado e moral [sic] até que os reféns retornem”.

Para o Conselho de Relações Islâmico-Americanos (CAIR), os comentários de Smotrich ressaltam intento genocida.

“Se a gestão [dos Estados Unidos de Joe] Biden se sente incapaz de agir para parar com o genocídio, a fome imposta, a limpeza étnica e a destruição massiva de infraestrutura civil, deveria ao menos ser capaz de condenar as declarações genocidas que os oficiais israelenses repetem desde o último ano”, comentou a entidade no Twitter (X).

Israel mantém há quase dez meses bombardeios indiscriminados a Gaza, deixando 40 mil mortos, 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Desde então, Gaza continua sob cerco absoluto — sem comida, água, eletricidade ou medicamentos,

Em junho, peritos independentes das Nações Unidas denunciaram o exército israelense por usar a fome como arma de guerra. Dezenas de pessoas morreram neste entremeio devido a desnutrição grave, sobretudo crianças.

Segundo a Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar (IPC), quase toda a população de Gaza enfrenta nível alto de insegurança alimentar aguda, incluindo meio milhão de pessoas sob risco imediato de morrer de fome.

Smotrich é um dos vários ministros e deputados israelenses que adotaram medidas de punição coletiva e declarações desumanizantes contra os palestinos, em particular, nos últimos dez meses.

LEIA: ‘Sofrimento horrível’: Dez meses da guerra contra a infância em Gaza

Ao promover seu cerco, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os dois milhões de palestinos de Gaza como “animais humanos”. Ao anunciar sua invasão por terra, em outubro, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu chegou a proclamar uma “guerra santa” contra as “crianças das trevas”.

Outros ministros defenderam transformar o território em um “abatedouro” ou “apagar Gaza da face da terra”.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro. A acusação sul-africana reitera que tais declarações provam dolo genocida por parte do Estado ocupante.

As declarações, no entanto, não se restringem a Gaza. Em março de 2023, ainda antes de se deflagrar a crise em Gaza, Smotrich defendeu “varrer da terra” a aldeia palestina de Huwwara, perto de Nablus, na Cisjordânia ocupada.

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