Turquia impede partida da Flotilha da Liberdade rumo à Faixa de Gaza sitiada

Autoridades da Turquia impediram a partida da nova Flotilha da Liberdade — iniciativa internacional para levar assistência urgente a Gaza e romper o cerco militar de Israel — de deixar Istambul, denunciaram os organizadores.

A Coalizão da Flotilha da Liberdade, que reúne entidades humanitárias e pró-Palestina, emitiu um comunicado no sábado (3) anunciando aguardar a anuência das autoridades portuárias de Istambul para seguir viagem.

“Está claro no momento que o governo turco não dará permissão”, alertou a nota.

Segundo a denúncia, o governo tampouco ofereceu “qualquer explicação” senão culpar “intensa pressão dos Estados Unidos, Reino e Unido e, quem sabe, outros membros da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] alinhados a Israel”.

Em maio de 2010, seis embarcações da primeira Flotilha da Liberdade foram abordados por comandos israelenses em mares internacionais, em ato de pirataria. A embarcação principal, de bandeira turca, denominada Mavi Marmara, foi então invadida.

Nova ativistas foram mortos na ocasião.

Conforme a rede Al-Monitor, a atual Flotilha da Liberdade tem esforços frustrados pela conjuntura em curso, sobretudo em meio à escalada de tensões entre Israel e Turquia, após o assassinato de Ismail Haniyeh, líder político do movimento Hamas, em Teerã, na última semana.

LEIA: Israel conduz a região a uma catástrofe sangrenta

Ao declarar luto, a embaixada da Turquia em Tel Aviv baixou a bandeira a meio mastro, incitando a fúria de políticos israelenses, incluindo apelos por expulsão da missão.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel, por sua parte, respondeu ao convocar o embaixador turco para uma reprimenda. Oncu Keceli, chanceler da Turquia, reagiu com um alerta: “Não se alcança a paz matando negociadores, ameaçando diplomatas”.

Haniyeh estava em Teerã para a posse do novo presidente Masoud Pezeshkian, ao lado de diversos emissários internacionais, incluindo chefes de Estado.

Após esboçar uma aproximação nos últimos anos, tensões entre Israel e o regime turco de Recep Tayyip Erdogan se intensificaram, no contexto do genocídio em Gaza, com ao menos 40 mil palestinos mortos e 90 mil feridos.

Erdogan adotou um discurso duro contra a liderança israelense, ao associar suas ações com políticas de extermínio nazistas.

Nesta segunda, a chancelaria em Ancara voltou a prometer adesão formal à denúncia sul-africana contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia. A corte reconheceu a “plausibilidade” do genocídio em Gaza, ao decidir pela abertura de um processo sem precedentes contra o Estado ocupante.

A corte determinou ainda medidas cautelares, incluindo fluxo humanitário contínuo e contenção das ações militares, contudo, sem o aval de Israel.

Em maio, a Turquia, quarto maior parceiro comercial de Israel em 2023, cortou todas as relações comerciais com o Estado ocupante, impondo um golpe à economia israelense. Desde então, no entanto, posterga promessas de ruptura diplomática.

Sair da versão mobile