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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Anistia pede acesso às cadeias de Israel, denuncia estupro contra palestinos

Prisioneiros palestinos recebem cuidados médicos após serem liberados pelo exército de Israel, em Deir al-Balah, Gaza, em 20 de junho de 2024 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

A Anistia Internacional instou nesta quarta-feira (7) que o regime israelense autorize a Cruz Vermelha a visitar os prisioneiros palestinos para averiguar relatos prevalentes de tortura e estupro nas cadeias da ocupação.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

O relatório da Anistia se soma às denúncias da ong israelense B’Tselem, que advertem para “uma política sistêmica e institucional de tortura e abuso contínuos”, perpetrados por autoridades israelenses, “impostos sobre todos os palestinos presos”.

Segundo a B’Tselem, desde 7 de outubro, 60 palestinos detidos morreram em custódia israelense — ao menos 48 deles capturados em Gaza.

O centro destacou ainda que o número de palestinos encarcerados por Israel chegou a dobrar desde a deflagração do genocídio, com ao menos 9.623 prisioneiros — número que exclui, no entanto, muitos dos palestinos abduzidos no enclave.

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Na rede social X (Twitter), alertou a Anistia: “Desde 7 de outubro, prisões arbitrárias de Israel e casos horríveis de tortura contra todos os palestinos continuam a decolar, junto do uso de detenção administrativa em toda a Cisjordânia ocupada”.

O sistema de detenção administrativa, herança do mandato colonial britânico, é usado por Israel para deter arbitrariamente cidadãos palestinos sem julgamento ou acusação, por períodos renováveis indefinidamente — reféns, por definição.

Neste contexto, a Anistia instou Israel a permitir que médicos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha conduzam visitas urgentes aos prisioneiros para avaliar as condições.

Além disso, reiterou a Anistia: “Todos os palestinos arbitrariamente detidos devem ser libertados imediatamente”.

Conforme Sara Hashash — vice-diretora da Anistia para o Oriente Médio — palestinos no centro de detenção de Sde Teiman, no deserto do Negev (Naqab), em particular, são vitimados regularmente por crimes de guerra e lesa-humanidade.

“Em sua pesquisa recente, a Anistia documento tortura hedionda e outros maus-tratos contra palestinos detido no campo militar de Sde Teiman e outras instalações”, relatou Hashash, ao notar entrevistas de 27 ex-detidos — todos civis abduzidos em Gaza.

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Dentre a amostra, vinte homens, seis mulheres e um menor de idade, em custódia por períodos de duas semanas a 140 dias em centros militares administrados pelo Serviço Carcerário de Israel, sob gestão do Ministério de Segurança Nacional.

“Todos [os ex-prisioneiros] disseram que, durante sua detenção arbitrária, o exército, a inteligência e as forças policiais de Israel os submeteram a tortura e outros tratamentos desumanos, cruéis ou degradantes”, ressaltou Hashash.

Palestinos em Sde Teiman costumam permanecer vendados 24 horas por dia, segundo os relatos, submetidos também a posições de estresse e impedidos de se comunicarem entre si ou sequer erguer as cabeças, sob ameaças e violência.

Os relatos condizem com relatórios de outras entidades de direitos humanos e órgãos das Nações Unidas, além de vazamentos e denúncias internas de Israel.

Sobre o estupro coletivo de um prisioneiro palestino em Sde Teiman, Hashash reiterou que o incidente criminoso se soma às evidências dos crimes denunciados pela Anistia em um dossiê recente.

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A Anistia reafirmou ainda que Israel carece de um histórico de investigações imparciais, ao prevalecer a impunidade dentre suas fileiras, de modo que garantir justiça e impedir reincidência cabe às ações do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia.

“A Anistia pede à promotoria em Haia que investigue imediatamente relatos de tortura, incluindo violência sexual, contra os palestinos detidos”, reiterou Hashash. “O judiciário israelense tem um histórico péssimo em termos de credibilidade sobre investigação de casos de tortura contra os palestinos”.

Nos meses recentes, diversos relatos emergiram de abusos em massa de palestinos em custódia de Israel, incluindo violência sexual.

Em Gaza, em ato de punição coletiva, Israel matou ao menos 40 mil palestinos em dez meses, além de 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

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