A Organização das Nações Unidas (ONU) reportou nesta segunda-feira (5) um aumento de 300% nos casos de desnutrição infantil no norte de Gaza, à medida que a catástrofe humanitária, sob bombardeios e cerco de Israel, continua a se agravar.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Nossos parceiros confirmaram um surto nos casos de desnutrição entre as crianças no norte de Gaza”, afirmou Farhan Haq, porta-voz adjunto das Nações Unidas em coletiva de imprensa. “Entidades parceiras notaram aumento de mais de 300% em julho — com mais de 650 casos de desnutrição aguda diagnosticados —, comparado a maio, quando 145 casos foram detectados”.
Haq destacou que a razão para a degradação humanitária se referem às ações militares de Israel, incluindo “restrições de acesso, carência de insumos básicos, disponibilidade limitada de carne e produtos frescos, péssima qualidade da água, falta de saneamento e propagação de doenças”.
Ao citar o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Haq reafirmou que os bombardeios israelenses ao enclave sitiado continuam a “matar, ferir e deslocar os palestinos”.
“Nas últimas 48 horas, três escolas que abrigavam palestinos deslocados, na Cidade de Gaza, foram atingidos, resultando em dezenas de baixas civis”, acrescentou.
Haq criticou também a mais recente ordem de evacuação israelense das regiões sul de Khan Younis e norte de Gaza, a supostas “zonas seguras”, também sob bombardeio, de modo a agravar a crise humanitária imposta aos refugiados.
Segundo o porta-voz, as Nações Unidas voltaram a pedir “a todas as partes do conflito que respeitem suas obrigações sob a lei humanitária internacional, incluindo cuidados constantes para poupar civis e objetos civis”.
“Neste contexto, uma nova análise do Centro de Satélites da ONU revelou, há um mês, que 63% das estruturas de Gaza foram danificadas”, concluiu Haq.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza, além de cerco integral — sem comida, água ou medicamentos —, há dez meses, deixando 40 mil mortos, 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
As ações israelenses, denunciadas no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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