Portuguese / English

Middle East Near You

Japão não quer Israel na cerimônia de paz e os EUA – donos da bomba de 45 – ameaçam não ir

Protestos denunciam genocídio israelense em Gaza na cidade de Hiroshima, no 79º aniversário da bomba nuclear lançada pelos Estados Unidos contra o Japão, em 6 de agosto de 2024 [David Mareuil/Agência Anadolu] Protestos denunciam genocídio israelense em Gaza na cidade de Hiroshima, no 79º aniversário da bomba nuclear lançada pelos Estados Unidos contra o Japão, em 6 de agosto de 2024 [David Mareuil/Agência Anadolu]

Manifestantes pró-Palestina se reuniram em frente à embaixada dos Estados Unidos na cidade de Tóquio para expressar repúdio à pressão americana à prefeitura de Nagasaki para que convide Israel aos eventos memoriais de 79 anos do bombardeio nuclear.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram ativistas com bandeiras palestinas entoando palavras de ordem em frente à embaixada americana, que comandou a ação dos países ocidentais. Policiais impediram, no entanto, aproximação.

Os manifestantes gritaram “Palestina livre” e “Não à ocupação, sim à libertação”, como registrado em vídeo divulgado pelo ativista Thoton Akimoto.

Outro vídeo registrou protestos em frente à embaixada do Reino Unido.

Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram a primeira bomba atômica contra Hiroshima; três dias depois, contra Nagasaki, deixando até 140 mil mortos.

Ambas as cidades recordam a tragédia nesta semana. O governo em Hiroshima rejeitou os apelos para rescindir o convite a Israel, como fez com Rússia e Bielorrússia diante da invasão da Ucrânia. Nagasaki, no entanto, não recuou.

Em resposta, governos do chamado Grupo dos Sete (G7) manifestaram indignação, ao remover seus emissários do evento de paz.

Segundo o The Guardian, o embaixador americano no Japão, Rahm Emanuel negou sua presença ao acusar Nagasaki de “politizar o evento”.

Emanuel é filho de um veterano da milícia Irgun, responsável por massacres contra os palestinos nativos durante a Nakba, ou “catástrofe”, de 1948, quando 800 mil pessoas foram expulsas de suas terras para permitir a criação do Estado de Israel.

LEIA: ‘Horrores indizíveis’: Diplomata traça paralelo entre Hiroshima e Gaza

Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Canadá e União Europeia — membros adicionais do G7 — seguiram a deixa, ao condicionar sua presença ao convite a Tel Aviv.

O governo central do Japão — anfitrião do evento e vítima do bombardeio nuclear dos Estados Unidos — não interveio, tampouco comentou a matéria até então.

No contexto da crise geopolítica contemporânea, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, reafirmou “o dever [de seu país] de trabalhar para construir um mundo livre de armas nucleares”.

Vozes pró-Palestina tomaram os memoriais em Hiroshima nesta terça-feira (6).

Sem citar nomes, o governador de Hiroshima, Hidehiko Yuzaki, comentou no evento: “A guerra continua em todo o mundo. Homens, mulheres, crianças e idosos alvejados por balas ou feitos em pedaços pelas bombas”.

Durante sua fala, emissoras de televisão focaram nas reações do embaixador israelense no Japão, Gilad Cohen, notaram usuários das redes sociais.

Shiro Suzuki, prefeito de Nagazaki, não cedeu, ao insistir que a decisão “não é motivada politicamente” e destacar que oficiais israelenses não devem comparecer ao memorial anual desta sexta-feira (9).

A decisão de Suzuki recebeu apoio popular, sobretudo entre os jovens.

O Japão não reconhece oficialmente o Estado palestino, ao seguir a política do G7, mas mantém uma missão geral do país na cidade de Tóquio.

O vice-embaixador palestino no Japão atenderá ao evento de Nagasaki.

Segundo estimativas, Israel lançou o equivalente a seis bombas nucleares contra Gaza desde outubro, comparado aos quilotons de Hiroshima e Nagasaki.

Em Gaza, a campanha israelense deixou ao menos 40 mil mortos e 90 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 15 mil são crianças.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro. Seu exército age ainda em desacato de medidas cautelares por desescalada e fluxo humanitário contínuo.

As ações israelenses são punição coletiva e crime de guerra.

LEIA: Aniversário da bomba em Hiroshima é tomado por protestos pró-Palestina

Categorias
Ásia & AméricasEstados UnidosIsraelJapãoNotíciaOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments