O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) lamentou como “chocante” um vídeo recente que mostra soldados israelenses cometendo abuso sexual contra um prisioneiro palestino no campo de detenção de Sde Teiman.
“Trata-se é uma das muitas violações grosseiras nos meses recentes contra prisioneiros palestinos nas cadeias de Israel, incluindo maus tratos, tortura e estupro”, alertou nesta quinta-feira (8) o porta-voz da agência, Jeremy Laurence.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Conforme Laurence, um relatório recente de sua entidade reforça “graves violações da lei internacional, dentre as quais violência sexual e de gênero contra cidadãos privados de sua liberdade, incluindo situações equivalentes a crimes de guerra”.
“Israel deve permitir a realização de investigações rápidas, independentes e eficientes sobre todas as alegações de violações, que vemos como generalizadas, e assegurar que os perpetradores sejam levados à justiça”, acrescentou.
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Laurence notou que seu escritório regularmente manifesta receios sobre a impunidade como um “problema duradouro” em Israel, no contexto de violações contra palestinos nativos nos territórios ocupados.
“Diante deste contexto, remediações em âmbito internacional são precisas para tratar da lacuna de responsabilização”, explicou Laurence. “Voltamos a reafirmar nosso apelo a Israel para permitir acesso imediato de órgãos de monitoramento, dentre os quais, a Cruz Vermelha e o Alto-Comissariado da ONU para Direitos Humanos”.
A imprensa em Israel vazou um vídeo no começo desta semana no qual soldados levam um prisioneiro palestino a um canto de uma sala na penitenciária de Sde Teiman, para estuprá-lo, ao tentar encobrir seu crime com escudos militares.
Em julho, dez soldados foram detidos por outro caso de estupro no mesmo campo de detenção. Três dos estupradores, no entanto, foram liberados no domingo (4) em meio à pressão de militantes coloniais e políticos supremacistas do governo.
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Relatos de tortura e abuso sexual contra palestinos nas cadeias israelenses se tornaram comuns no contexto do genocídio em Gaza, desde outubro, com 40 mil mortos e 90 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.
Desde então, Israel intensificou medidas de punição coletiva, incluindo pogroms contra cidades e aldeias palestinas e uma brutal campanha de prisão nos territórios ocupados, ao dobrar a população carcerária palestina.
São atualmente quase dez mil palestinos em custódia de Israel, a maioria em detenção arbitrária se julgamento ou sequer acusação — reféns por definição.
As estimativas excluem, no entanto, palestinos capturados em Gaza, onde imagens de caminhões lotados de civis despidos e enfileirados — incluindo crianças —, remeteram a imagens do Holocausto nazistas.
Autoridades israelenses costumam alegar investigar incidentes de violência carcerária, mas raramente apresentam resultados.
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