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Jornalista israelense pede estupro como política oficial contra presos palestinos

Colonos protestam pela soltura de nove soldados de Israel detidos por estuprar um prisioneiro palestino, no assentamento de Kfar Yona, em 30 de julho de 2024 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

O jornalista israelense Yehuda Schlesinger defendeu o estupro, nesta quinta-feira (8), como política oficial a ser assumida pelo Estado colonial contra prisioneiros palestinos, reportou a agência de notícias Anadolu.

Os comentários de Schlesinger foram transmitidos em rede nacional pela emissora de televisão Canal 12.

“Para mim, o único problema é que essa não é uma política regulamentada pelo Estado contra os prisioneiros”, disse Schlesinger ao ser questionado se o estupro de indivíduos em custódia seria “aceitável”.

“Primeiro de tudo, eles merecem, é uma vingança que temos de lhes dar”, argumentou o jornalista. “Segundo, quem sabe, sirva um pouquinho como dissuasão. Só acho uma vergonha que não o façamos de maneira institucionalizada, como parte das regulações para torturar os prisioneiros”.

Embora o Estado israelense negue violações graves contra os palestinos em custódia, a fala de Schlesinger — comentarista próximo ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu — parece admitir tortura como política oficial.

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Sua declaração sucede o vazamento de um vídeo que mostra um soldado da ocupação israelense estuprando um prisioneiro palestino no campo de detenção de Sde Teiman, localizado no deserto do Naqab (Negev).

Cinco reservistas israelenses estão em custódia militar devido à denúncia.

Sob pressão de relações públicas, Schlesinger chegou a se retratar dos comentários em entrevista a rádio. No entanto, defendeu a pena de morte aos prisioneiros.

Em julho, dez soldados foram detidos por outro caso de estupro no mesmo campo de detenção. Três dos estupradores, no entanto, foram liberados no domingo (4) em meio à pressão de militantes coloniais e políticos supremacistas do governo.

Denúncias de violência endêmica nas prisões de Israel, incluindo maus tratos, tortura, negligência médica e abuso sexual, tornaram-se comuns, em particular, desde outubro, no contexto do genocídio em Gaza.

LEIA: Registros judiciais e periciais expõem abusos letais contra palestinos detidos

Relatos de tortura e abuso sexual contra palestinos nas cadeias israelenses se tornaram comuns no contexto do genocídio em Gaza, desde outubro, com 40 mil mortos e 90 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.

Desde então, Israel intensificou medidas de punição coletiva, incluindo pogroms contra cidades e aldeias palestinas e uma brutal campanha de prisão nos territórios ocupados, ao dobrar a população carcerária palestina.

São atualmente quase dez mil palestinos em custódia de Israel, a maioria em detenção arbitrária se julgamento ou sequer acusação — reféns por definição.

As estimativas excluem, no entanto, palestinos capturados em Gaza, onde imagens de caminhões lotados de civis despidos e enfileirados — incluindo crianças —, remeteram a imagens do Holocausto nazistas.

Autoridades israelenses costumam alegar investigar incidentes de violência carcerária, mas raramente apresentam resultados.

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