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Palestino revela ser usado como ‘escudo humano’ por soldados de Israel

Prisioneiros palestinos, detidos pelo exército israelense, são levados ao Hospital dos Mártires de al-Aqsa para tratamento médico, após serem libertados pelas forças israelenses em Deir al-Balah, Gaza, em 1º de agosto de 2024 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

Um prisioneiro palestino recém libertado das cadeias de Israel denunciou nesta sexta-feira (9) que soldados do exército israelense o utilizaram, junto de outros presos, como “escudos humanos” durante incursões militares por terra.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Mohammed Abdel Fattah Saad, de 20 anos de idade, recordou que soldados anexaram câmeras de segurança em seu corpo e forçaram-no a entrar em edifícios e inspecionar veículos destruídos, no intuito de disparar eventuais armadilhas.

Seu relato é corroborado por outros concidadãos.

“Usaram a gente como escudo humano. Amarraram câmeras em nós para gravar casas e veículos bombardeados”, disse Saad, residente do campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza.

Segundo outros testemunhos, o exército adota como político o uso de civis capturados para gravar localidades potencialmente perigosas, em missões de reconhecimento ou coleta de informações.

Saad destacou um momento no qual foi enviado para inspecionar um veículo militar de Israel então destruído, quando foi ferido e perdeu a consciência. “Acordei no outro dia, ferido. Estava no hospital”.

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Sobre métodos de tortura aplicados nas cadeias de Israel, Saad reiterou espancamento severo. “Um dia, implorei que me soltassem”, relembrou o palestino. Em resposta, “me deram uma coronhada com um rifle na minha sobrancelha”.

Saad confirmou maus-tratos, tortura e imposição de fome e sede, assim como políticas para permitir que os prisioneiros utilizassem o banheiro apenas uma vez por dia.

Saad retornou a Gaza na manhã de sexta, por meio da travessia de fronteira de Kerem Shalom, controlada por Israel, após passar 45 dias nas cadeias da ocupação.

Seu testemunho coincide com denúncias de estupro e violência sexual perpetrados por soldados israelenses no campo de detenção de Sde Teiman.

Desde a deflagração de sua invasão por terra em Gaza, em 27 de outubro, o exército de Israel deteve milhares de civis no enclave, incluindo mulheres, crianças e profissionais de saúde e da defesa civil.

Fora os prisioneiros de Gaza — cujos números não são divulgados por Israel — estima-se em torno de dez mil palestinos detidos atualmente pela ocupação, em situação cada vez mais degradante.

A maioria dos palestinos continua em custódia sem julgamento ou sequer acusação — reféns, por definição.

Nos últimos meses, Israel libertou em levas esporádicas dezenas de palestinos de Gaza, sob alertas do serviço de segurança interna Shin Bet de superlotação carcerária. Presos libertados mostram sinais de tortura e negligência médica.

Em resposta, o ministro responsável pelo sistema carcerário, Itamar Ben-Gvir, da pasta de Segurança Nacional, pediu execução sumária dos prisioneiros.

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Israel desacata resoluções por cessar-fogo das Nações Unidas e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, para desescalada em Gaza e fluxo humanitário contínuo.

Desde outubro, Israel deixou ao menos 40 mil mortos e 91.700 feridos em Gaza, além de dois milhões de desabrigados.

O enclave permanece em ruínas, sob bombardeios indiscriminados ainda em curso.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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