A Federação Internacional de Associações dos Estudantes de Medicina (IFMSA) decidiu suspender o Estado israelense por dois anos, pelo que reportou como “falta de valores morais e humanitários”, em referência ao genocídio em curso na Faixa de Gaza.
Dois terços da IFMSA votaram a favor da suspensão, segundo comunicado divulgado no website da federação discente.
A votação foi convocada “devido à natureza grave das alegações contra a Federação de Estudantes de Medicina de Israel (FIMS), incluindo ameaças, assédio online e discursos de ódio”.
A medida coincide com denúncias de que profissionais de saúde israelenses colaboram ou auxiliam a encobrir práticas de tortura e mesmo violência sexual contra prisioneiros palestinos nas cadeias da ocupação.
Ademais, soma-se aos apelos por boicote acadêmico ao regime de apartheid de Israel, sob reivindicações do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).
A IFMSA é uma organização não-governamental (ong) que conecta cerca de 1.3 milhão de estudantes de medicina de 130 países, com sede na cidade de Copenhague, capital da Dinamarca.
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A proposta foi introduzida em 6 de agosto, durante a 73ª Assembleia Geral da IFMSA, em Tampere, na Finlândia, pela Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (Denem), uma das duas entidades brasileiras filiadas à federação.
A resolução, com apoio de outras organizações nacionais integradas, buscava revogar a adesão israelense na IFMSA, contudo, sem aval. Em seu lugar, foi aprovada a suspensão a ser avaliada em agosto próximo e agosto de 2026.
Israel pode, porém, enfrentar remoção permanente caso não se reverta a decisão.
Miri Schwimmer, representante israelense, alegou na assembleia que a votação se deu de maneira apressada ao final do encontro, ao supostamente prescindir de tramitação padrão.
A suspensão, contudo, foi ratificada quase dez meses após o primeiro alerta da IFMSA sobre a crise em Gaza, que deixou, até então, ao menos 40 mil mortos e 90 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.
Israel age em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para negociações, além de ordens cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, para desescalada e fluxo humanitário contínuo.
A corte aceitou em janeiro a denúncia sul-africana de que Israel comete genocídio em Gaza, sob bombardeios desde outubro. O enclave está em ruínas — escolas, hospitais e abrigos não foram poupados.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e lesa-humanidade.